O Ano em Palavras é uma iniciativa da empresa Priberam e da agência Lusa, que criaram um sítio eletrónico – oanoempalavras.pt – para recolher uma lista de 24 palavras que definem os temas mais pesquisados pelos 38 milhões de utilizadores do Dicionário Priberam, no ano de 2019. Distribuída cronologicamente de janeiro a dezembro, a seleção dos vocábulos acolhe os diferentes acontecimentos nacionais e internacionais ocorridos nos planos político, económico, cultural ou social. Os contextos de pesquisa e as imagens associadas provêm de conteúdos criados pela agência noticiosa portuguesa.
Transcreve-se a seguir a lista tornada pública em nota de imprensa (para pormenores, ler aqui e nas páginas do dicionário Priberam e do sítio oanaoempalavras; mantém-se a ortografia utilizada na fonte, a qual é anterior à norma em vigor):
«Janeiro: Interino (Juan Guaidó proclama-se presidente interino da Venezuela) e Mineradora (colapso de barragem da empresa mineradora Vale, no Brasil, deixa cenário de tragédia e morte).
Fevereiro: Escusa (Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, pede escusa nas decisões sobre a auditoria ao banco CGD, de que foi administrador) e Chapo ('El Chapo', traficante de droga mexicano, é condenado em Nova Iorque).
Março: Massacre (dois atiradores levam a cabo um massacre escolar no estado brasileiro de São Paulo) e Cinotécnica (Portugal envia equipas de auxílio para Moçambique, incluindo uma equipa cinotécnica, após a passagem do ciclone Idai).
Abril: Demover (João Lourenço, presidente angolano, tenta demover o ex-presidente José Eduardo dos Santos de viajar na TAP para Espanha) e Pináculo (o pináculo da catedral de Notre-Dame, edifício emblemático de Paris, cai devido ao violento incêndio que atingiu o monumento).
Maio: Sindicância (Ministra da Saúde portuguesa desvaloriza polémica sobre sindicância à Ordem dos Enfermeiros) e Decoro (Após declarações de Joe Berardo na comissão parlamentar de inquérito à CGD, o presidente da República pede decoro e respeito pelas instituições políticas).
Junho: Sibila (morre Agustina Bessa-Luís, autora de "A Sibila" (1954) e referência da ficção portuguesa) e Obliteração (Donald Trump, presidente dos EUA, ameaça com a obliteração de partes do Irão se os interesses norte-americanos sofrerem algum ataque).
Julho: Bossa-Nova (morre João Gilberto, compositor brasileiro considerado o pai da bossa-nova) e Nepotismo (Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, rejeita que seja nepotismo a eventual indicação do filho Eduardo Bolsonaro para embaixador nos EUA).
Agosto: Jerricã (Greve dos motoristas de matérias perigosas em Portugal aumenta a procura de jerricãs para armazenar combustível) e Calhorda (o presidente francês, Emmanuel Macron, mostra-se preocupado com os incêndios na Amazónia e é chamado de calhorda no Twitter pelo ministro da Educação brasileiro).
Setembro: Subvenção (polémica sobre políticos que recebem subvenções vitalícias) e Sumo Pontífice (o Papa Francisco visita Moçambique no âmbito da viagem que leva o Sumo Pontífice ao continente africano).
Outubro: Entronização (as cerimónias de entronização do imperador Naruhito do Japão contam com a presença de diversos convidados e dirigentes estrangeiros) e Espeleólogos (espeleólogos portugueses que ficaram retidos numa gruta em Espanha são encontrados por uma equipa de resgate).
Novembro: Cantautor (morre José Mário Branco, respeitado cantautor do meio musical português) e Rubro-Negro (o Flamengo, clube rubro-negro treinado por Jorge Jesus, vence a Taça Libertadores da América e o campeonato brasileiro de futebol).
Dezembro: Pirralha (Jair Bolsonaro chama pirralha à ambientalista sueca Greta Thunberg) e Espúria (o antigo primeiro-ministro José Sócrates defende o ex-presidente brasileiro Lula da Silva e critica aliança espúria entre justiça e jornalismo).»
Destacaram-se ainda outras palavras (ver também aqui):
abstenção (nível recorde de abstenção nas eleições europeias e nas legislativas em Portugal);
canonizada (Irmã Dulce é canonizada e torna-se a primeira santa brasileira);
conluio (investigação nega alegado conluio nas presidenciais norte-americanas de 2016);
exumação (os restos mortais de ditador espanhol Franco foram exumados e trasladados).
imolar (morte de iraniana que se imolou após ser condenada por tentar entrar num estádio de futebol);
inócuo (a propósito do debate sobre a legalização do consumo recreativo de canábis);
momo (vídeos com a personagem Momo difundidos por WhatsApp);
moratória (Argentina declara moratória e quer renegociar parte da dívida);
peculato (condenação dos dirigentes políticos independentistas catalães);
proselitismo (Papa critica proselitismo em visita a Marrocos);
vegano (a cantora brasileira Anitta aderiu temporariamente ao veganismo).
Refira-se ainda a frequência significativa das seguintes palavras das áreas da música (à volta da polémica realização do festival Eurovisão em Israel) e do desporto (em que se salientou Jorge Jesus, por ter contribuído para que o clube brasileiro Flamengo tenha alcançado vários títulos) e da política:
chibaria (da letra de “Telemóveis”, canção de Conan Osiris, concorrente português ao Festival Eurovisão da Canção);
boicote (pedido pelo músico Roger Waters, cofundador dos Pink Floyd, a Conan Osiris, para não ir ao Festival Eurovisão da Canção, que decorreu em Israel).
flamengo (nome do clube)
bicampeão (Flamengo campeão de futebol no Brasil e vencedor da Taça Libertadores)
heptacampeão (Flamengo campeão do campeonato brasileiro)
honorário (distinção de cidadão honorário do Rio de Janeiro)
míster (presente no cântico dos adeptos do Flamengo).