Miguel Sousa Tavares - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Miguel Sousa Tavares
Miguel Sousa Tavares
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Miguel Sousa Tavares, jornalista português, nasceu no Porto. É licenciado em Direito, mas é ao jornalismo que se dedica exclusivamente. Para além das muitas crónicas publicadas escreveu dois romances: Equador (2003) e Rio das Flores (2007).

 

 
Textos publicados pelo autor
Ó pá, fique lá com o seu gerúndio<br>e deixe o Camões em paz!
A língua em Portugal e no Brasil

«Sr. Sérgio Rodrigues, fique lá com o seu gerúndio, que tanta graça lhe faz, e deixe-nos cá a nós com o Camões, velhinho de 500 anos. É que, não sei se sabe, às vezes é mais velho quem nasce em berço mais novo.»

Artigo de opinião do jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, a propósito de uma entrevista que o também jornalista e escritor brasileiro Sérgio Rodrigues concedeu à Revista do Expresso em 24/08/2024. Texto transcrito com a devida vénia da edição de 29 de agosto de 2024 do referido semanário, escrito segundo a norma  ortográfica de 1945.

As elites bem falantes<br> ou as noções básicas de democracia

O jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares reafirma a sua oposição ao acordo: «[...] o AO nasceu porque um restrito grupo de académicos portugueses queria fazer umas viagens à borla ao Brasil e o pretexto encontrado foi o de negociar um acordo ortográfico – que os brasileiros nunca tinham pedido, nunca tinham sugerido e nunca tinham imaginado. E, por isso, os nossos autonomeados embaixadores da língua chegaram lá e disseram aos brasileiros: "Estamos aqui para fazer um AO em que todos os falantes de português passarão a escrever como vocês." Um acto colonial ao contrário.» Texto publicado no semanário Expresso do dia 6 de maio de 2016.

[Ver também: Acordo Ortográfico sob polémica presidencial]

     O meu cão é um ser estranho de classificar. Geneticamente apto para caçar – o chamado “cão de parar” – , é pouco cão e pouco de parar. Em vez de “parar”, prefere perseguir e afugentar a caça, porque acha que, se eu o solto no campo, é para caçar para ele e não para mim. Afora isso, também tem mais de humano do que de cão – conforme já me tinha avisado o Manuel Alegre quando lhe contei que tinha um «épagnol bretton» («Cuidado, o tipo vai achar que é pessoa e que pert...