A revista Veredas, uma publicação da Associação Internacional de Lusitanistas, apresenta o dossiê temático «Prisões e confinamentos: escrita do cárcere» que propõe reflexões sobre a produção literária em ambientes onde a liberdade de expressão foi negada. Esta edição reúne textos que visam investigar, tal como sublinham Sabrina Sedlmayer e Alexandre Amaro na apresentação, «a escrita como um dispositivo capaz de não somente testemunhar, denunciar, informar a violência e a perda de direitos humanos, mas também de oferecer-se como instrumento de criação literária».
O volume está organizado em três partes: um dossiê que tem como tema «Prisões e confinamentos: escritas do cárcere», uma secção livre e uma resenha sobre a obra de banda desenhada Confinada, da autoria de Leandro Assis e Triscila Oliveira. Esta edição apresenta, portanto, um conjunto de artigos com variados temas que refletem sobre o papel da “pena” e o duplo sentido que este instrumento pode ter – ideia recuperada do poema de Camões «Perdigão perdeu a pena».
No dossiê temático, a ideia central gira em torno da imagem do escritor prisioneiro e confinado, desde os tempos das lutas anticoloniais até ao período presente em nações autocráticas e fascistas. Dos vários artigos desta secção, destacam-se os dedicados aos «Papéis da Prisão» de Luandino Vieira, escritor angolano que esteve preso diversas vezes durante o Estado Novo, incluindo oito anos no campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
A secção livre é composta por artigos que se debruçam sobre vários escritores de diferentes épocas que combateram através da literatura vários tipos de opressão. De entre os diferentes textos desta parte, destacamos o artigo de Ana Cláudia da Silva, intitulado «Recordar um escritor: 150 anos da morte de Júlio Dinis», que aborda a influência dos ideais liberais na sua obra.
Em síntese, este número da revista Veredas oferece ao seu leitor reflexões sobre as condições de produção literária em ambientes onde a liberdade foi interdita.
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