O Almanaque da Língua Portuguesa, a mais recente publicação do professor universitário e tradutor Marco Neves (das Edições Guerra e Paz), faz jus ao seu título. Um almanaque é, tradicionalmente, uma publicação de cariz anual que reúne itens muito diversificados associados a um calendário. Quem não se recorda do quase secular Borda d’Água com a sua compilação de pequenos textos da tradição (das adivinhas aos provérbios, entre tantas outras rubricas) e o seu calendário que aponta tanto as fases da lua, como festas e feriados, sem esquecer as preciosas indicações para as atividades agrícolas?
Almanaque da Língua Portuguesa propõe uma remodelação do conceito de almanaque, centrando-se, como o próprio nome assinala, na língua (e também na literatura) portuguesa. A publicação organiza-se segundo os meses do ano, 12 capítulos a que se juntam outros 4 dedicados às estações do ano e ainda um alusivo à passagem do ano (capítulo de abertura) e outro ao fim de ano (capítulo conclusivo). Em cada um dos doze capítulos principais, encontramos uma citação que inclui o nome do mês em questão, a explicação da origem do nome desse mesmo mês, um calendário com efemérides ligadas à literatura ou à história de um país de língua oficial portuguesa e a rubrica «Sabias que…», com curiosidades linguísticas. Em cada mês, o autor apresenta igualmente uma secção que trata dúvidas de natureza linguística, como a questão do uso do artigo com topónimos, a origem do português ou curiosidades como «Que animais se escondem na língua?» ou «Quem inventou as letras?» A obra inclui ainda a rubrica «Dúvida do mês», estruturada em torno de dificuldades que frequentemente se colocam aos falantes da língua. Entre elas, encontramos, por exemplo, as contrações com preposição, o uso do verbo haver ou a utilização da vírgula, entre muitas outras. Todos os capítulos fecham com sugestões práticas ligadas essencialmente à escrita e à edição de texto.
Este novo almanaque é uma obra que se insere na linha de ação definida por Marco Neves, um autor que procura tornar acessíveis ao grande público temas de natureza linguística. Mais uma vez, este objetivo parece ficar plenamente cumprido pelo recurso a estratégias que o autor domina de forma exímia: a linguagem transparente ao serviço do tratamento de questões por vezes complexas; a abordagem didática dos temas, ancorada num diálogo com o leitor; a tessitura narrativa que, não raro, se coloca na base das explicações, concretizando-as. Mais uma vez, Marco Neves aposta numa publicação que visa a democratização de algumas áreas da linguística, mostrando como estas temáticas podem ser interessantes e úteis para o aperfeiçoamento dos conhecimentos relacionados com a língua portuguesa.
Cf. Viagens na Minha Casa (de A a Z) + Que língua falava Afonso Henriques? + Expansão, papiar e bué
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