Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

         «Para além do estado dos dentes ou da falta deles, examina-se também as gengivas», ouviu-se há dias no “Telejornal” da RTP-1. «Examinam-se também as gengivas» é como devia ter sido dito. É uma situação semelhante a «vendem-se casas» ou «arrendam-se apartamentos», em que o verbo, usado com a partícula apassivante se, concorda com o plural que se lhe segue.

          O que é que esperamos de um título como este Viagem por um País Longo e Estreito (Travel in a Thin Country)1?
Esperamos encontrar o que se encontra nos bons relatos de viagem: a experiência vicária de uma ida e de uma chegada; o fascínio sempre renovado pela descoberta de um novo local; a diversidade dos testemunhos recebidos. Tudo isso está no livro.
Há, porém, em muitos passos da tradução para o português opções muito questionáveis.

Eis um restrito número de exemplos.

          «O emprego do infinitivo é um dos pontos críticos da Língua Portuguesa. Quando é que se deve utilizar o infinitivo não flexionado (publicar) e quando o flexionado (publicar eu, publicares tu, publicar ele, publicarmos nós, publicardes vós, publicarem eles)? Por exemplo, no programa <a href="http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/notas_solta...

A sério (e não “à séria”)

«Uma médica à séria!», lia-se no jornal “24 Horas” do passado dia 9 de Outubro, repetindo o modismo, a contramão do português padrão. O termo a sério é o adequado. Significa «seriamente», «com ponderação», «com gravidade», «sem gracejos», «verdadeiramente», sendo também antónimo de «a brincar» (ex.: «Estás a falar a sério ou a brincar?»).

 «O primeiro-ministro [português, José Sócrates] não respondeu nem fez qualquer comentário aos apupos, que se prolongaram durante todo o percurso que o primeiro-ministro e a sua comitiva fez entre a entrada do palácio onde decorrera a reunião ministerial e a camioneta que aguardava a equipa governamental».2 O verbo fazer tem de ir para o plural: «O primeiro-ministro [português, José Sócrates] não respondeu nem fez qualquer comentá...

No concurso “Um Contra Todos”, da RTP-11, o apresentador José Carlos Malato fez o seguinte comentário a propósito das Sete Novas Maravilhas do Mundo: «São as sete novas, portanto, vão haver catorze maravilhas.»

     Jornalista Jorge Lopes, da RTP-1, em notícia sobre a Meia-Maratona de Lisboa, de 24 de Setembro p. p.: «Aos sete minutos de prova, o queniano Robert Cheruiyot já estava isolado dos seus mais directos perseguidores, onde Eduardo Henriques desenvolvia um trabalho de perseguição meritório.»

     Onde indica um lugar, um local...

     Notícia do “24 Horas” do dia seguinte: «[Os jogadores do Sporting] Custódio e Farnerud treinaram-se ontem sem limitações e podem em breve ser opção para Paulo Bento.»
     Na acepção de «fazer o treino de futebol daquele dia», deverá usar-se o verbo sem o pronome se: «[Os jogadores do Sporting] Custódio e Farnerud treinaram ontem sem limitações.»
     O verbo treinar sem pronome utiliza-...

«Um terço dos estudantes já foi...»

 

A frase «um terço dos estudantes já foram vítimas de violência», constante no titulo da primeira página do “Diário de Notícias” de 22 de Setembro p.p. – frase, de resto, repetida na primeira página do jornal (...)

Lisboetês
Regionalismos fonéticos

   «Reservas “pichícolas"», «"chesso” de capturas"» e «reservas “pichícolas"  — são alguns exemplos afectada pronúncia de "lisboetês" vulgar apontados neste texto da autoria do jurista Vital Moreira blogue Causa Nossa, com a data do dia 14 de setembro de 2006