Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

 

      «Mais de 400 professores vão ficar sem bolsa para trabalhos de investigação», noticiava há dias 1 o “Jornal da Tarde” da RTP-1, que acrescentava: «O Ministério da Educação recusou-lhes o pedido de equiparação a bolsistas. Sem as licenças com vencimento os doutoramentos podem mesmo ficar em causa».
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      A boa ideia é a adaptação para crianças do libreto de A Flauta Mágica, (Edições Hipòtesi/Kalandraka Editora). O livro tem ilustrações sugestivas e contém um CD com trechos da ópera.

     A má execução está nos erros ortográficos, lexicais e sintá©ticos.

     Eis algumas passagens.

 «A partir desse momento, Tamino avançou cuidadosamente com atenção a cada passo. Apesar do seu sigilo de repente, o príncipe sentiu um bafo quente no pescoço, (…)»

 

      «O esforço durante o campeonato europeu foi de tal calibre que Francis Obikwelu chegou a recear que as pernas poderiam falhar, poderiam não segurá-lo<...

 

     A propósito dos Campeonatos Europeus de Atletismo 2006 e, em particular, das medalhas de ouro nos 100 m e nos 200 m do atleta nigeriano naturalizado português Francis Obikwelu...

 

     A fechar a informação de trânsito, o locutor da Antena 1 apela à participação dos ouvintes: caso tenham conhecimento de algum acidente ou corte de estrada, podem ligar para o número x, «completamente gratuito».
     Ora, a pr...

     Continua também a ler-se e a ouvir-se nos “media” portugueses frases com o verbo erradamente no plural quando o sujeito é o pronome relativo quem: «Os utentes não vêem reflectidos os aumentos do preço dos cuidados de saúde nas taxas moderadoras, mas há quem acredite que são eles quem vão acabar por suportar estas subidas».
 

Humanitário ≠ humano

     As mortes e toda a tragédia à volta de uma guerra – como a que está a devastar o Líbano – voltaram a ser qualificadas de "humanitárias", lado a lado com o seu contrário (os corredores que a ONU e as organizações internacionais tentam preservar par...

desde (em vez de de) é um modismo há muito instalado no meio jornalístico português, especialmente nos relatores do futebol. E, como modismo, raro já é o jornal que não alinhe pelo... disparate. Como se pôde ler na edição do matutino 24 Horas de 30 de Julho p.p., numa notícia sobre o Benfica e o jogador Simão Sabrosa (...).

     «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução se não sentar-se nas últimas filas», escrevia-se no jornal “24 Horas” do passado dia 27 de Julho.
     Escrevia-se erradamente, porque a grafia certa é senão. Ou seja, devia ter-se escrito assim: «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução senão sentar-se nas últimas filas». Neste caso, senão significa excepto...

     Mais incompreensível é (no mesmo jornal) ainda haver quem não distinga a diferença entre a moral e o moral (além daquela errada concordância verbal)...

     «....a derrota com a França por 1-0, nas meias-finais, e o afastamento da final de Berlim, deixou marcas pelo menos ao nível da moral dos jogadores [portugueses].»2

     2 Paulo Curado, "Público" de 9 de Julho p.p.