Da Internet aos livros e regresso aos anglicismos
Uma leitora escreveu ao provedor: «Desculpe se me dirijo impropriamente a V. Ex.ª, mas não sei a quem me dirigir, no DN. Como outros leitores refere que o único endereço de correio electrónico disponível na página do DN seria o do provedor. O director adjunto João Morgado Fernandes na sequência deste e de outros correios do mesmo teor, esclareceu que os leitores podem sempre ter resposta contactando directamente a redacção: “(...) há, de facto, um mail no botão Contactos que vem ter directamente à redacção. E nenhum dos mails que chegam por essa via fica por responder."» O leitor pode verificar que de facto há um e-mail webmaster@dn.pt que se activa pelo pressão nos contactos, da página colocada na internet.
Edição on-line
Uma peça foi questionada pelo leitor Manuel Saavedra: «Envio-lhe cópia do DN Tema da edição online de 9.12.06. Se souber, peço-lhe que me informe o nome do entrevistado. É tão enigmático e divertido, o jornalismo.» Tratava-se de uma entrevista a Marques Mendes feita por António José Teixeira e José Fragoso (texto) e José Carlos Carvalho (foto). O nome do entrevistado não era referido uma só vez. António José Teixeira não se desculpa: “O único comentário possível é de que se trata de um erro. Uma entrevista sem identificação do entrevistado não é nada. A edição digital não foi cuidadosa.” E avança com uma informação que faz prever um 2007 mais eficaz na dimensão electrónica do jornal: «A boa notícia é que esperamos dentro de pouco tempo melhorar significativamente a nossa edição on-line.» Ao provedor apraz registar e esperar, para ver. Tenho defendido repetidamente que a versão do jornal na internet é a outra face da moeda do jornal papel. Uma e outra são igualmente importantes na actual fase de vida da imprensa.
Madinat as-Sadr
O leitor Francisco Santos lançou o olhar para a cobertura do Iraque: «Não é a primeira vez que eu escrevo sobre isto. Mas os meios de comunicação portugueses, alimentados pelas agências de notícias internacionais, insistem em fazer-nos crer que existe um local chamado Sadr City no Iraque.
Contudo, apesar da ocupação norte-americana e britânica, a língua inglesa não é oficial nem predominante naquele país e tenho grandes dúvidas que os nomes das localidades tenham passado a escrever-se meio em árabe e meio em inglês.
Posso não concordar mas até compreendo que as agências de notícias internacionais e os meios de comunicação em inglês traduzam metade do nome de “Madinat as-Sadr” transformando-o em “Sadr City”, pois aquelas palavras árabes significam "Cidade de Sadr". O que eu não compreendo é que num texto em português o nome árabe original da cidade iraquiana de Madinat as-Sadr tenha a primeira metade traduzida para inglês.» A jornalista autora da notícia respondeu: «agradeço a carta do leitor Francisco Santos e o interesse que demonstra pela realidade iraquiana, sobre a qual escrevo no DN, e pela cultura árabe. Em relação a Madinat as-Sadr, acredito que tenha razão, perante a eloquência dos seus argumentos, mas nesta matéria esforço-me por aceitar alguma da grafia anglo-saxónica, que aponta precisamente para Sadr City. Até por uma questão de uniformização da escrita. Tal leva-nos, por exemplo, a escrever Al-Qaeda e Al-Zarqawi, a despeito de, em português, obrigatoriamente, a seguir à letra Q vir um U. Já protestei qb, mas esta grafia passou a ser comummente aceite.»
Que pode acrescentar o provedor? Nada mais do que já adiantou na crónica intitulada Socorro! Ou será help?1. Lembro que nesse texto sustentei que «O facto de as queixas dos leitores visarem duas secções diferentes do jornal, o Nacional e o Desporto, sugere que os anglicismos são um problema editorial , não apenas desta ou daquela secção.» Este novo detalhe confirma esta visão: as decisões para o conjunto do jornal valem mais que os reparos individuais. Sigo o leitor: cidade de Sadr fica melhor do que Sadr City, num jornal português.