Na base deste estudo está um projecto de investigação em curso sobre as relações lexicais entre o Português Europeu e o Português Brasileiro ao longo dos últimos 50 anos, intitulado Convergência e divergência no léxico do Português. Esta investigação apoia-se na concepção geral e nos métodos quantitativos da investigação sociolexicológica desenvolvida por Dirk Geeraerts e sua equipa para o Neerlandês (Geeraerts, Grondelaers & Speelman 1999).
Apresentaremos os resultados de uma parte do referido projecto, relativa ao léxico do futebol (a outra parte diz respeito ao léxico da moda/vestuário e é objecto de outros trabalhos: cf. Silva & Duarte 2005). Especificamente, vamos utilizar a variação lexical do domínio do futebol para medir a distância entre o Português Europeu e o Português Brasileiro e, assim, saber se as duas variedades se encontram num processo de convergência ou divergência lexical. No plano teórico e metodológico, e na sequência dos textos programáticos de Silva (2004a, 2005a, b), pretendemos mostrar as vantagens da perspectiva cognitiva (da Linguística Cognitiva, de R. Langacker, G. Lakoff e L. Talmy) e de métodos quantitativos no estudo das variedades lectais — neste caso, variedades nacionais de uma língua transcontinental.
Num primeiro momento, indicaremos as questões e as hipóteses de investigação e brevíssimos elementos do contexto histórico e geográfico. A seguir, exporemos os elementos essenciais do enquadramento teórico e metodológico deste estudo de sociolexicologia cognitiva e quantitativa do Português. Finalmente, apresentaremos os dados e resultados relativamente ao vocabulário do futebol.
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*Diacrítica. Ciências da Linguagem 20-1, Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, 2006, pp. 167-196.