Depois de ter aqui abordado o surgimento no léxico da palavra bloguer e respectiva família, surpreendi no semanário português Expresso, Primeiro Caderno, de 6 de agosto (p. 13), na coluna Gente, o título Debater ou facebookar? A surpresa vem, obviamente, do verbo facebookar, que assim mesmo aparece, sem itálico ou aspas! Curiosamente, na mesma coluna, refere-se, com aspas, o verbo amigar: «[...] Pedro Mota Soares "amigava" mais pessoas [...]», e mais abaixo destaca-se a palavra babysitting, recorrendo ao itálico! O que mostra que quem escreveu aquele texto e utilizou aquela palavra tem a noção exata das nuances do léxico! Já antes, aliás, em junho deste ano, o jornal Diário de Notícias também utilizava o verbo facebookar, apesar de tudo, com aspas. É palavra que parece, pois, estar a passar das redes sociais para os media.
Atendendo à disseminação da rede social Facebook, o aparecimento do verbo facebookar — ou, porventura melhor, "facebucar"/"feicebucar", consoante se avance no nível de aportuguesamento — acaba por não surpreender. Por mais estranho que tal possa parecer, o verbo facebookar — formado a partir de um suposto radical facebook —, apesar da sua constituição irregular, acaba por ganhar foros de alguma normalidade tendo em conta o fenómeno recente de formação de substantivos, adjetivos e verbos a partir do inglês, imposto à norma por falantes e escreventes. Como lidar com a formação de palavras como esta, que se tornam necessárias pela omnipresença e importância das redes sociais, que, como se sabe, até já fazem revoluções e desencadeiam movimentos cívicos, é um dos desafios que hoje se apresentam à norma!
Cf. «O Facebook está a ficar cada vez mais tóxico. Mas a grande desilusão no Facebook é o próprio ser humano»