Não tem a ver com o acordo ortográfico nem com a pandemia. Apneia está mesmo na moda.
Trata-se de uma modalidade aquática em que o praticante, geralmente munido de máscara de mergulho, sustém a respiração debaixo de água e assim permanece submerso durante determinado tempo, determinada distância ou determinada profundidade, usando apenas a sua reserva de ar dos pulmões.
Este novo significado atribuído à palavra está, obviamente, relacionado, com o significado original, relacionado com «a suspensão da respiração ou do fôlego; falta de respiração».
Segundo o Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa de Silveira Bueno pág. 287, esta palavra deriva do grego (apnoia, de a privativo e pneuo, «respiro»), significando «privado de respirar». Segundo o Dicionário Houaiss, trata-se de um substantivo feminino da área da medicina e que significa a suspensão momentânea da respiração.
Um facto interessante a propósito do significado desta palavra na área da medicina prende-se com o romance de 1836, The Posthumous Papers of the Pickwick Club [As Aventuras Extraordinárias do Senhor Pickwick] de Charles Dickens (1812-1870). Uma das personagens do livro, o gordo Joe, foi utilizado posteriormente para caracterizar uma patologia alcunhada como síndrome de Pickiwick, um típico doente de apneia do sono, uma patologia caracterizada por sucessivas paragens respiratórias (ou síndrome obesidade-hipoventilação), posto que a figura descreve fielmente um quadro desta doença.
Outro aspeto, a considerar: a grafia. Esta palavra, no Brasil, perdeu o acento no ditongos aberto ei, uma vez que se trata de uma palavra paroxítona grave, escrevendo-se sem acento, tal como em Portugal.
Relativamente ao significado, constatámos que a esta palavra se acrescentou um novo significado e que, atualmente, ser praticante de apneia é saudável, embora esteja relacionado com a suspensão natural da respiração, uma vez que se processa debaixo de água.
Se for um praticante de apneia, será, portanto, um apneísta.