O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
<i>Cluster</i>, um anglicismo intraduzível?

Como termo de certas áreas especializadas, o anglicismo cluster não é nenhuma novidade: aparece há alguns anos em português, tal como sucede noutras línguas românicas (por exemplo, espanhol ou francês). Disto mesmo dão prova os dicionários monolingues em linha, que já registam a palavra, definindo-a genericamente como «aglomerado de coisas semelhantes» (ver cluster no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa ). Estas fontes incluem ainda os usos de cluster nos âmbitos cientifico e técnico: em linguística, «grupo de duas ou mais consoantes seguidas»; em informática, «unidade de armazenamento num disco» (ibidem; ver também o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, disponível na Infopédia). Igualmente na informática, cluster pode também intrometer-se no discurso em português, com outra  aceção possível em inglês: «conglomerado de computadores» (Dicionário Inglês-Português da Porto Editora, na Infopédia).

<i>Transbording</i>

O uso e o abuso de termos em inglês em registo de puro pedantismo social – que não só nalguns estratos mais urbanos da sociedade brasileira  na ironia, sempre fina, do autor, na sua coluna semanal do jornal O Globo, de 21 de maio de 2015.

 

 

Triste o país que tem vergonha da própria língua.

Fico pensando num corretor de imóveis tendo que mostrar, para compradores em potencial, um apartamento no edifício Golden Tower, ou similar, em algum lugar do Brasil.

— Isto é o que nos chamamos de entrance.

O anómalo

Desde a reforma ortográfica de 1911 que deixou de haver palavras com o "h" entre vogais. Por isso, passou a escrever-se (em vez de ahi), coerente (em vez de coherente), exortar (em vez de exhortar), inibir (em vez deinhibir), proibir (em vez de prohibir), sair (em vez de sahir) – ...

O triunfo do

A origem e a história  do “OK!” (abreviatura de “okay”), a mais popular palavra inglesa e, provavelmente, o empréstimo mais generalizado em todas as linguas, incluindo o português. Apontamento difundido pela Agência [de notícias] France Press e que, a pretexto dos 175 anos da sua primeira atestação num jornal norte-americano, foi dado à estampa pelo Jornal de Angola, na sua edição de 26/03/2014.

 

Dizia o jornalista português, radicado em Washington, Sérgio H. Coimbra, a propósito dos festejos natalícios: «Para dar um exemplo, cada taça de “eggnog” (iguaria mandatória entre os anglo-saxões) garante 50% das necessidades calóricas diárias» (Metro, 18 de dezembro de 2013). Era, de facto, mandatório que aquela palavra entrasse no léxico.

Não me parece que esta palavrita venha a vingar no tirocínio para a entrada no léxico mas aqui fica. Descobri-a pela pena de Arménio Rego, professor da Universidade de Aveiro, e Miguel Pina e Cunha, professor da Nova School of Business and Economics (Expresso, Economia, de 27 de julho de 2013, p. 20). Aparentemente formada por aglutinação a partir das palavras humildade e ambição, “humbição” seria assim uma mesc...

Depois do metrossexual, já dicionarizado, parece surgir agora o termo retrossexual, neologismo proveniente do inglês e aparentemente formado pela aglutinação das palavras retrograde (retr...

Há um pouco a ideia de que o acréscimo de neologismos, quer na língua corrente, quer nas linguagens especializadas, resulta do maior contacto entre as línguas potenciado pela globalização, adquirindo predominância neste processo o inglês, enquanto língua franca de comunicação. E, na ausência de uma entidade de supervisão, que discipline e controle a entrada desses empréstimos, ela é feita de forma anárquica e desregulada.

Impuseram-se definitivamente no nosso uso quotidiano da língua, por via dos negócios, os termos: franchising, franchise, franchisar, franchisado e franchisador.

A propósito da crise mundial, alguns teóricos têm chamado a atenção para aquilo que apelidam de «desacoplagem da área financeira» da chamada economia real. Com este conceito pretende-se dizer que a finança criou, em gabinete, aplicações, na gíria chamam-se produtos, de tal modo complexos, na gíria chamam-se estruturados, e distantes da realidade das empresas e do mercado, que perderam a ligação à chamada economia real.