«Do latim protestare, protest [«protestar»] significava na origem «fazer uma declaração ou exigência formal», sobretudo em questões jurídicas e financeiras [...].»
Muitas vezes controversamente identificados como "desordeiros", os que protestam contra a morte de George Floyd não estão apenas a queixar-se.
Teremos um verão de protestos [em 2020]? Às bolhas de concentrações anti-confinamento na primavera seguiu-se uma onda de manifestações nos Estados Unidos e noutros lugares, após a polícia de Minneapolis ter matado George Floyd.
O sentido de reclamação em protest [«protestar» ou «protesto»], no entanto, é relativamente moderno. Aqueles que citam Shakespeare com a frase «A senhora faz demasiados protestos» [Hamlet, ato III, cena II], para descrever a negação veemente de uma acusação, estão a ser anacrónicos: a mãe de Hamlet critica o exagero afetado de uma representação teatral.
Do latim protestare, protest significava na origem «fazer uma declaração ou exigência formal», sobretudo em questões jurídicas e financeiras – donde «insistir enfaticamente em alguma coisa». O sentido negativo surgiu do uso inicial (no século XVI) da expressão to protest against [«protestar contra»], ou seja, «falar energicamente, contra outra afirmação». Com o tempo, against [«contra»] tornou-se opcional, e a expressão nominal a protest [«um protesto»] tornou-se manifestação de uma divergência.
Na política moderna, o uso de protest (substantivo e verbo) é frequentemente discutido. (Conjuga-se assim: eu discordo; você protesta; eles provocam tumultos.) Mas a história da palavra deve lembrar que os manifestantes não são necessariamente meros queixosos; pelo contrário, podem estar a fazer uma declaração solene que encontra finalmente a sua hora.
Tradução de um apontamento do escritor britânico Steven Poole e publicado em 11 de junho de 2020 no jornal britânico The Guardian.