Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.

Acabo de dar uma rápida vista de olhos no Ciberdúvidas, o que já não fazia há algum tempo. E o que leio no Pelourinho de Outubro de 98, num artigo assinado por J.M.C. intitulado «Portugueses que preferem o inglês»? Leio «Uma nova revista, destinada aos tempos livres, apareceu nas bancas portuguesas, com rubricas como cinema, teatro, artes, livros, música, o habitual.» e «Um novo programa foi para o ar no canal televisivo português SIC, no passado dia 30 d...

Porque foi citado o meu prontuário nesta controvérsia, pareceu-me conveniente concretizar o que nele indico.

Um dos critérios que pode justificar o hífen nas saudações é o da aderência de sentidos das palavras que ficam justapostas (como por exemplo, se verifica no conjunto tio-avô, neste caso a união de dois substantivos).

O substantivo boas-noites escreve-se assim, com hífen, porque é uma só palavra constituída por duas. É uma forma de saudação e de cumprimento que se usa durante anoite, como na frase apresentada.

Este substantivo também se emprega no singular: boa-noite.Há regiões do País, como por exemplo a Beira Litoral, onde geralmente se usa o singular. Foi assim mesmo que aprendi na minha terra, e não boas-noites, que me soa menos bem, talvez até por parecer menos lógico.

a) a «associação de um adjectivo e um substantivo em normal concordância» numa saudação;
   b) palavras compostas por esse substantivo e esse adjectivo.

   Assim:

   - boas noites e boas-noites;
   - bom dia e bom-dia;
   - boas festas e boas-festas;
   - boas entradas e boas-entradas;
   - boas vindas e boas-vindas, etc.

Se não estou em erro, a denominação anos sessentas usa-se modernamente no Brasil. É um tanto raro ouvir-se em Portugal. Julgo, pois, que transitou do Brasil para Portugal. Eis alguns comentários:
   1. - O aposto é um continuado. Chama-se mesmo aposto ou continuado. É continuado, porque nele se encontra continuada a significação do elemento fundamental. Talvez seja preferível chamar-lhe determinante, porque sessentas determina anos.

Quanto aos comentários do Professor José Neves Henriques a respeito das afirmações por mim feitas sobre a propriedade do uso da expressão "anos sessentas", vejo-me na situação de externar as seguintes considerações:
    1- Com efeito, o aposto nem sempre concorda com o termo fundamental, principalmente se se trata de aposto explicativo, como muito bem o demonstrou o prezado Professor. Como no caso em tela se examina um aposto especificativo, que vem ligado diretamente ao termo...

   a) Não há língua/linguagem sem regras. Não raro, quem ensina tem de mencionar as regras, para melhor e mais fácil aprendizagem.
   b) Dei preferência ao r a que chamam «érre rolado», por ser o normal no centro e no norte do país. O outro, o velar, é característico apenas da região de Lisboa. Mesmo aqui, muitos não o pronunciam como velar. A maior parte dos portugueses pronunciam o r rolado. Note-se a maior densidade da população no centro e Norte do que no...

As V. explicações muitas vezes têm um suporte legal(citam regras, números, etc). Ultimamente tivemos uma intervenção dum tradutor de Bruxelas acerca da pronúncia do R. Eu, aliás, tinha ficado muito surpreendido pela V. resposta (aquela que engendrou a mencionada intervenção) que aconselhava a pronunciar o R não velar. Acho que mesmo em Coimbra, embora se use com muito mais frequência esse R não tenho a certeza se a grande maioria das pessoas faz isso. (Eu aconselhava o contrário, isto é o uso do R vel...

Ó ínclitos caturras da Língua Portuguesa, digam-me lá, se capazes forem, qual a conotação "étnica" do sufixo -ita na palavra Jesus + ita = jesuíta? Será porque os jesuítas são seguidores do judeu Jesus da Nazaré (ou de Belém?)?

Santas festas para todos os caturras, velhos e novos, que teimam em defender esta língua cada vez mais desprezada pelos portugueses mais bem colocados para a defenderem (os do poder, claro está). E bom ano!

São de interesse as observações que o prezado consulente apresenta sobre a concordância do verbo em frases cujo sujeito é uma percentagem. É assunto um tanto controverso. Por vezes não é fácil apresentar regras fixas. Vejamos, então, as seguintes frases:
   (1) 25 por cento ficou em casa.
   (2) 25 por cento ficaram em casa.
   (3) 25 por cento da população escolar ficou em casa.
   (4) 25 por cento dos alunos ficaram em casa.
   (5) 1 por cento dos alunos ficou em casa.