Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.

1. - Não considerei «não portuguesa a estrutura da frase: "Uma nova revista, destinada aos tempos livres, apareceu nas bancas portuguesas (...)"».

Como poderia eu considerar não portuguesa uma estrutura própria da nossa língua? O que eu disse foi coisa bem diferente: «que em muitos casos, não devemos empregar a ordem directa, como é próprio do inglês». Dizer «em muitos casos...» não é afirmar que não é portuguesa a ordem directa. Mais ainda: apenas afirmei que «em muitos casos» e não e...

Como digo na minha réplica, nas obras de estudiosos portugueses e brasileiros que consultei - de Epifânio da Silva Dias a Aurélio Buarque de Holanda -, nada vi que exigisse a frase em causa sempre na ordem inversa e a considerasse inglesa na ordem directa. Porque de problema enfático (ênfase, estilo), acima de tudo, se trata.

 

Uma vez que uma reacção minha ao artigo de José Mário Costa intitulado «Portugueses que preferem o inglês» mereceu duas respostas da parte do Ciberdúvidas, gostava, sem pretender entrar em grandes polémicas, de acrescentar algumas observações:
   1. Tem toda a razão o professor José Neves Henriques: «ter a ver com» é de facto um galicismo. Escapou. Deve ser influência do Eça de Queirós...
   2. João Carreira Bom, que...

Permito-me discordar de Frederico Leal e do professor José Neves Henriques, que consideram não portuguesa a estrutura da seguinte frase: «Uma nova revista, destinada aos tempos livres, apareceu nas bancas portuguesas, com rubricas como cinema, teatro, artes, livros, música, o habitual.»
   Parece-me tão portuguesa esta frase na ordem directa («uma revista apareceu») como na ordem inversa («apareceu uma revista»).
   Em português, predomina a ordem di...

De facto tem razão. Em muitos casos não devemos empregar a ordem directa, como é próprio do inglês.
   A ordem das palavras apresentada por Frederico Leal é, sem dúvida, a ordem natural em português. Ainda bem que é daqueles que sentem a Língua.
   Fico, pois, muito agradecido por me chamar a atenção para o caso.
   Já agora, uma observaçãozita: é sintaxe francesa dizermos: «... nada tem a ver com o português...» (2.º parágrafo)
  ...

Num território de ninguém...

«Desde muito cedo aprendi que a língua é viva. Talvez os meus professores fossem anarquistas e quisessem destruir tanto o Brasil como Portugal através da fala e da escrita. Cresci a acreditar que as vírgulas não foram feitas para envergonhar ninguém, que os acentos são apenas sinais gráficos a tentar simular a linguagem oral e pior do que escrever errado é ser analfabeto de pai e mãe.»

 

* Crónica do publicitário brasileiro Edson Athaíde, transcrita a seguir, com a devida vénia, Diário de Notícias do dia 14 de Fevereiro de 1999, acusado de ser puxa-saco (lambe-botas) pr ecvrever «coisas como "tipo", "se calhar", "casa de banho"» e vitar os gerúndios.

Acabo de dar uma rápida vista de olhos no Ciberdúvidas, o que já não fazia há algum tempo. E o que leio no Pelourinho de Outubro de 98, num artigo assinado por J.M.C. intitulado «Portugueses que preferem o inglês»? Leio «Uma nova revista, destinada aos tempos livres, apareceu nas bancas portuguesas, com rubricas como cinema, teatro, artes, livros, música, o habitual.» e «Um novo programa foi para o ar no canal televisivo português SIC, no passado dia 30 d...

Porque foi citado o meu prontuário nesta controvérsia, pareceu-me conveniente concretizar o que nele indico.

Um dos critérios que pode justificar o hífen nas saudações é o da aderência de sentidos das palavras que ficam justapostas (como por exemplo, se verifica no conjunto tio-avô, neste caso a união de dois substantivos).

O substantivo boas-noites escreve-se assim, com hífen, porque é uma só palavra constituída por duas. É uma forma de saudação e de cumprimento que se usa durante anoite, como na frase apresentada.

Este substantivo também se emprega no singular: boa-noite.Há regiões do País, como por exemplo a Beira Litoral, onde geralmente se usa o singular. Foi assim mesmo que aprendi na minha terra, e não boas-noites, que me soa menos bem, talvez até por parecer menos lógico.

a) a «associação de um adjectivo e um substantivo em normal concordância» numa saudação;
   b) palavras compostas por esse substantivo e esse adjectivo.

   Assim:

   - boas noites e boas-noites;
   - bom dia e bom-dia;
   - boas festas e boas-festas;
   - boas entradas e boas-entradas;
   - boas vindas e boas-vindas, etc.