Antologia // Portugal Complexos Um poema retirado de A matéria do Poema, A matéria do Poema, do poeta português Nuno Júdice, num tom informal e leve, sobre a responsabilidade e os complexos de ser poeta de «a maior língua do mundo»,««a língua do Camões, a língua do Pessoa…», a língua de «duzentos milhões». Nuno Júdice · 27 de setembro de 2010 · 4K
Antologia // Brasil Língua-mar A Língua em que navego, marinheiro,Na proa das vogais e consoantes,É a que me chega em indas incessantesNa praia deste poema aventureiro.É a Língua Portuguesa — a que primeiroTranspôs o abismo e as dores velejantes,No mistério das águas mais distantes,E que agora me banha por inteiro.Língua de sol, espuma e maresia,Que a nau dos sonhadores-navegantesAtravessa a caminho dos Instantes,Cruzando o Bojador de cada dia.Ó Língua-Mar, viajando em todos nós!No teu sal, singra errante a minha voz. Adriano Espínola · 14 de setembro de 2010 · 7K
Antologia «A música secreta da língua portuguesa» [...] Mas a poesia é também a língua. A música secreta da língua. Na língua portuguesa essa música é um marulhar contínuo. «Há só mar no meu país» — escreveu o poeta Afonso Duarte. E um poeta angolano falou da língua portuguesa como língua de viagem e mestiçagem. E eu acrescento: rio de muitos rios. E também pátria de várias pátrias. A língua é una. Mas é diversa. Tanto mais ela quanto mais diferente. Tanto mais pura quanto mais impura. Manuel Alegre · 8 de setembro de 2010 · 5K
Antologia Ode à Língua Portuguesa Língua minha, se agora a minha voz levantoPedindo à Musa que me inspire e ajudeSomente soe em teu louvor o canto,Inda que a lira seja fraca e rude:E tudo quanto sinto na alma, e digo,Já que na alma não cabe,Contigo viva e acabe – só contigo.Língua minha dulcissona e canora,Em que mel com aroma se mistura,Agora leda, lastimosa agora,Mas não isenta nunca de brandura;Língua do gram Camões, a que ele ensinaA sinfonia rara,Que em tudo se ... José de Abreu Albano · 30 de abril de 2010 · 4K
Antologia // Portugal A Língua Portuguesa […] Recordo, com profundo respeito, a evolução, a ascensão gloriosa desta língua em que palpita e resplandece a própria alma da Latinidade. Com que ternura a vejo surgir da fala galega – primeira fonte, simples veio de água cristalina –, brincar nos versos arcaicos de D. Dinis, tão primitiva como a falariam, se a sua pedra pudesse animar-se, os reis e os apóstolos do pórtico da Glória, de Santiago! Com que desvanecimento a sinto, já corrente murmurante, tomar vulto na prosa inda bárbara de Fe... Júlio Dantas · 6 de abril de 2010 · 3K
Antologia // Brasil António de Moraes Silva1 A Aurélio Buarque de Holanda Fui conhecer Muribeca, a vila onde não morou, mas foi termo dos engenhos e livros que lá datou. Nada sobra dos engenhos que teve esse quarto avô e é até difícil saber, dos que tinha, ele habitou. Do Moraes do Dicionário, da cana que cultivou, de A... João Cabral de Melo Neto · 23 de março de 2010 · 6K
Antologia // Brasil Ouverture la Vie en Close em latim “porta” se diz “janua” e “janela” se diz “fenestra” a palavra “fenestra” não veio para o português mas veio o diminutivo de “janua”, “januela”, “portinha”, que deu nossa “janela” “fenestra” veio mas não como esse ponto da casa que olha o mundo lá fora, de “fenestra”, veio “fresta”, o que é coisa bem diversa já em inglês ... Paulo Leminski · 12 de março de 2010 · 4K
Antologia // Portugal Terra natal E cá mesmo no extremo OcidentalDuma Europa em farrapos, euQuero ser europeu. Quero ser europeuNum canto qualquer de Portugal.Como as ondas do mar sabem ao sal,A ave amacia o ninho que teceu;Mas não será do mar, e nem do céu,Porque me quero assim tão natural.E se a esperança ainda me consenteNo sonho do futuro, ao mal presenteSe digo adeus, — é adeus até um dia…Um presídio será, mas é meu berço!Nem noutra língua escreveria um versoQue me soubesse ao sal desta harmonia. Afonso Duarte · 8 de março de 2010 · 6K
Antologia // Portugal A Pêro Andrade de Caminha Teu nome, Andrade1, de qu'é bem qu'esperem O de que se já sempres espantaram Quantos te vem, quantos depois vierem: Teu raro esprito, de que se honraram As Musas, que de si tanto te deram 2, E que tarde outro como a ti darão: Os bons escritos teus, que mereceram Ou ouro, ou cedro, pois já nessa idade Nos mostras neles , quanto em ti quiseram As Musas renovar a antiguidade, Em teu amor aceso me levaram (...) António Ferreira · 23 de fevereiro de 2010 · 3K