Antologia // Moçambique Língua Mpurukuma, Língua, corpo quase,o que sou de sobrepostas vozes,Bayete!E tu, pássaro da alma, Mpipi adejandosobre o losango tumultuante de cores,Templo onde me cerco,não me abandones, cão inflando para o riouma escarninha balada que nos enforca.Esfumou-se a Torre na praia nocturna,a preposição que olfactava o nervoe Ele dorme ainda e expulso.Quando a palavra surge, inteira, das águase os espíritos batem a respiração do batuque,Ele ... Luís Carlos Patraquim · 2 de maio de 1997 · 3K
Antologia // Portugal O adjectivo O adjectivo? Que horror quando não é incisivoquando atira para o vagoo pobre substantivo(...) Alexandre O'Neill · 24 de abril de 1997 · 5K
Antologia // Guiné-Bissau A dimensão africana da língua portuguesa «Do português interessam-me muitas coisas, a começar pela relação específica que existe em qualquer língua entre grafema e fonema. Em nenhuma outra língua, nem mesmo em kriol (devido à sua jovem normalização), me sinto tão à vontade.» [texto do sociólogo guineense Carlos Lopes especialmente para o Ciberdúvidas, na sequência do contributos do angolano Pepetela, do cabo-verdiano Germano Almeida, do moçambicano Mia Couto e do português José Saramago.] Carlos Lopes · 18 de abril de 1997 · 6K
Antologia // Moçambique Perguntas à língua portuguesa* «Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique.» [texto escrito especialmente para o Ciberdúvidas, na sequência dos contributos do angolano Pepetela, do cabo-verdiano Germano Almeida, do guineense Carlos Lopes e do português José Saramago.] Mia Couto · 11 de abril de 1997 · 14K
Antologia // Portugal Lamento para a língua portuguesa não és mais do que as outras, mas és nossa,e crescemos em ti. nem se imaginaque alguma vez uma outra língua possapôr-te incolor, ou inodora, insossa,ser remédio brutal, mera aspirina,ou tirar-nos de vez de alguma fossa,ou dar-nos vida nova e repentina.mas é o teu país que te destroça,o teu próprio país quer-te esquecere a sua condição te contaminae no seu dia a dia te assassina.mostras por ti o que lhe vais fazer:(...) Vasco Graça Moura · 4 de abril de 1997 · 3K
Antologia // Brasil O quimbundo é maneiro? * O número crescente de habitantes nas cidades, a alfabetização mais ampla e o envolvimento do território pela mídia eletrônica colocam a língua portuguesa do Brasil diante de novos dilemas. Não se trata da recente querela sobre a unificação ortográfica do Brasil e de Portugal. Na realidade, o embate entre o português d'aquém e d'além-mar rola há muito tempo no interior do nosso próprio país. Na sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, em 1897, Machado... Luiz Felipe de Alencastro · 27 de março de 1997 · 4K
Antologia // Portugal O petróleo do século XXI A vitalidade da língua portuguesa nos PALOP «Em época de afirmação, os Estados saídos das ex-colónias encontram na língua, na literatura, a grande revelação da sua identidade», considera o jornalista português Fernando Dacosta Fernando Dacosta · 21 de março de 1997 · 3K
Antologia // Portugal Pequena crónica de um desaparecimento anunciado * Foi na estrada entre Oeiras e o Cacém, mais precisamente por alturas de Leceia, que senti esta angústia e fiz esta reflexão: será que os nossos trinetos conseguirão falar e escrever o Português sem terem de frequentar um curso de línguas mortas? João Aguiar · 14 de março de 1997 · 3K
Antologia // Angola Uma língua que aceita brincadeiras* «Quando pensamos numa língua muitas vezes a vemos da forma sisuda que na escola nos ensinaram a encará-la, com aquelas regras chatíssimas de gramática que parecem talhar um fato apertado que a sufoca. Afinal essas regras podem não ser tão antigas assim e dependem das brincadeiras que fazemos com a língua.» [Texto do escritor angolano Pepetela escrito especialmente para o Ciberdúvidas, na sequência dos contributos do do cabo-verdiano Germano Almeida, do guineense Carlos Lopes, do moçambicano Mia Couto e do português José Saramago.] Pepetela · 7 de março de 1997 · 8K
Antologia // Portugal A FALA Sou de uma Europa de periferiana minha língua há o estilo manuelinocada verso é uma outra geografiaaqui vai-se a Camões e é um destino.Velas veleiro vento. E o que se ouviaera sempre na fala o mar e o signo.Gramática de sal e maresiana minha língua há um marulhar contínuo.Há nela o som do sul o tom da viagem.O azul. O fogo de Santelmo e a trombade água. E também sol. E também sombra.Verás na minha língua a outra margem.Os símbolos os ritmos os sinais.E Europa que não mais Mestre não mais. Manuel Alegre · 28 de fevereiro de 1997 · 4K