Antologia // Angola Crónica verdadeira da língua portuguesa Poema "Crónica verdadeira da língua portuguesa", da autoria do jornalista e escritor angolano João Melo. Um texto inédito em livro, datado de 2009, que o autor publicou no Diário de Notícias, em 5 de maio de 2020, Dia Mundial da Língua Portuguesa. João Melo · 7 de maio de 2020 · 4K
Antologia // Angola Poesia Necessária 1De palavras novas também se faz paísneste país tão feito de poemasque a produção e tudo a semearterá de ser cantado noutro ciclo.2É fértil este tempo de palavrasem busca do poemaque foge na curva das palavrasusadamente soltas e antigasdistantes das verdades dos riosdo quente necessário das brasasdo latejar silencioso das sementesdentro da terraquando chove.3Proponho um verso novopara as laranjas (por exemplo) matinaise os namoradoscom que havemos de encher todos os diasos mercados.4 Manuel Rui · 8 de junho de 2007 · 5K
Antologia // Angola Outras margens da mesma Língua Porque a História também se faz ao contrário, o caçador quando pressente o perigo é tarde demais e saiu já caçado, num golpe de futura sorte ou carnaval linguístico; e o oceano, quintal vasto e multiplicador de margens, convida a viagens com direito a retorno melhorado e banquete renovador. Depois dos gestos, a linguagem falada é a boca sincera dos sentimentos e a cultura apanha boleia para ir mais longe, enfeitiçar outros mundos e mascarar-se de novos conteúdos. Ondjaki · 10 de dezembro de 2004 · 4K
Antologia // Angola A morfologia das palavras As crianças praticam a língua como se esticassem fios de seda para prender os perímetros da vida e com os fios que sobram encontram tempo para enrolar devagarinho em bola de jogar sobre a terra húmida que ajudam a arrendondar com os pés pequenos. Ana Paula Tavares · 23 de maio de 2003 · 6K
Antologia // Angola Língua materna "(...)Português, irmão, é difícil mas não custa"(Lourentinho, personagem de um livro de José Luandino Vieira) "Pela voz da mãe eles conhecem a mãe deles..."(Provérbio cabinda) Há nas nossas relações com a língua materna um certo efeito almofada que, como a mão fresca das mães nas nossas infâncias febris, amortece a queda, suaviza a dor. Ana Paula Tavares · 3 de abril de 2003 · 6K
Antologia // Angola Discurso sobre o fulgor da língua De Portugal às suas ex-colónia africanas «Segundo Agostinho da Silva — escreve neste conto* o escritor angolano José Eduardo Agualusa — as línguas afeiçoam-se às geografias que colonizam. Num horizonte amplo, desafogado, o sotaque é mais aberto, e numa paisagem fechada ele tende a fechar-se. Assim, no Brasil, em Angola ou em Moçambique as pessoas falam a nossa língua abrindo mais as vogais, e nos Açores, na Madeira, em Portugal continental, mas também em Cabo Verde, fecham-nas. As línguas afeiçoam-se às geografias que colonizam. Num horizonte amplo, desafogado, o sotaque é mais aberto, e numa paisagem fechada ele tende a fechar-se. Assim, no Brasil, em Angola ou em Moçambique as pessoas falam a nossa língua abrindo mais as vogais, e nos Açores, na Madeira, em Portugal continental, mas também em Cabo Verde, fecham-nas.» * conto inserto no livro do autor Catálogo de Sombras. José Eduardo Agualusa · 13 de março de 2003 · 7K
Antologia // Angola À volta da desbunda e das oenegês Surpreendo-me discorrendo sobre alguns mitos emergentes na sociedade angolana, sem rumo certo e em desfrute de lentos vagares, mas logo me deixo enlear por coisas de somenos, pequenas dúvidas, questões teóricas. Será que esses mitos, sobre os quais me debruço, existem mesmo antes de serem nomeados, ou apenas passaram a existir por terem sido nomeados? Arnaldo Santos · 26 de março de 1998 · 5K
Antologia // Angola A propos de la lusophonie Regressei há poucos dias de Paris, onde estive a convite do Festival Atlântida, uma iniciativa, já na segunda edição, que se propõe divulgar em França a literatura e a música dos países de língua portuguesa. Havia cinco escritores portugueses, cinco africanos e um brasileiro. José Eduardo Agualusa · 23 de dezembro de 1997 · 5K
Antologia // Angola O Senhor Feijó * A escola de Catete não tinha mestre. A professora, que diziam ser de Lisboa, teria alegadamente fugido para Luanda para não mais voltar à vilinha do interior em que a administração colonial a depusera. Teria ficado, de início, assustada e, depois, farta da vida pelas terras do vasto mato angolano. Arlindo Barbeitos · 11 de julho de 1997 · 3K
Antologia // Angola Uma língua que aceita brincadeiras* «Quando pensamos numa língua muitas vezes a vemos da forma sisuda que na escola nos ensinaram a encará-la, com aquelas regras chatíssimas de gramática que parecem talhar um fato apertado que a sufoca. Afinal essas regras podem não ser tão antigas assim e dependem das brincadeiras que fazemos com a língua.» [Texto do escritor angolano Pepetela escrito especialmente para o Ciberdúvidas, na sequência dos contributos do do cabo-verdiano Germano Almeida, do guineense Carlos Lopes, do moçambicano Mia Couto e do português José Saramago.] Pepetela · 7 de março de 1997 · 8K