Acordo Ortográfico - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Questões relativas ao Acordo Ortográfico.

Dá-se, no nosso português, desde há séculos, um lento processo de fechamento (os linguistas falam em elevação) das vogais que, num vocábulo, precedem a sílaba tónica. Veja-se como pronunciamos «despertador», «adormecer», «metamorfosear», e como os pronuncia um brasileiro. Este processo de obscurecimento e consonantização da nossa fala vai seguramente prosseguir. E uma coisa parece certa: o novo Acordo Ortográfico vem dar-lhe um valente empurrão.

Em entrevista à jornalista da Antena 1 Maria Flor Pedroso [emitida no dia 5 de Abril de 2008, disponível aqui], o novo ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, voltou a defender o Acordo Ortográfico, considerando-o um «instrumento relevante» para a promoção da língua portuguesa no mundo.

A ideia do Presidente da República [português] de elevar o português a língua oficial das Nações Unidas é «estimulante« para o Governo [de Lisboa], mas pode esbarrar em obstáculos tão comezinhos como ciúmes e rivalidades na própria ONU ou, mais do que isso, numa despesa insuportável para os seus promotores.

PRECISÕES INICIAIS:

1. O novo acordo ortográfico designa-se por acordo de 1990, data de assinatura de todos os países que o subscreveram, e não erroneamente de 1991, data da ratificação inicial de Portugal. Compreende-se que assim seja, para unificar o título; caso contrário, poderia ter diferentes designações no universo da língua, consoante a data das ratificações dos diversos países.

O Acordo Ortográfico não diz respeito apenas à leitura e não envolve só portugueses e brasileiros. Leio em declarações recentes de Maria Lúcia Lepecki o seguinte: «Sempre achei que o Acordo Ortográfico não é preciso; um brasileiro lê perfeitamente a ortografia portuguesa e um português lê perfeitamente a ortografia brasileira.» Salvo o devido respeito por aquela minha prezada colega, acho a afirmação escassa.

O dr. Vasco Graça Moura e outras pessoas sensatas fizeram o erro de atacar o Acordo Ortográfico luso-brasileiro em pormenor. A essência dessa monstruosidade acabou por se perder numa discussão técnica por que ninguém se interessa e que ninguém consegue seguir. A essência da questão é, ...

O Prémio

Não percebo a crítica que Vital Moreira faz ao meu último artigo no seu blogue Causa Nossa. Diz ele que tanto o Acordo como o Protocolo Modificativo foram ratificados pelo Brasil, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe e por isso «já estão juridicamente em vigor em relação a esses três Estados». Mas diz também que Portugal já tinha ratificado o Acordo em 1991 «que não chegou a entrar em vigor por não ter sido ratificado por todos».

Com o novo Acordo Ortográfico já ratificado pelo Governo [português] chega às bancas, em tempo recorde, o primeiro dicionário conforme as novas regras ortográficas do português — Universal, Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Ed. Texto). Porém, e tal como tem acontecido com o acordo até agora, as opiniões em relação a este produto editorial dividem-se.

O acordo ortográfico outra vez

Nesse excelente serviço prestado a todos os utentes da língua que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa podemos ler vários artigos que discutem o novo acordo ortográfico. O grosso dos argumentos a favor e contra parecem situar-se em dois grupos.

Estou certa de que a maioria esmagadora dos portugueses continua a não entender o que realmente se passa relativamente à questão do famoso Acordo Ortográfico assinado em 1991. Para muitos, o último episódio do ‘processo Acordo Ortográfico’, protagonizado pelo PR durante a recente viagem ao Brasil, publicitando uma decisão do Governo, terá significado que, por fim, o dito acordo entrou em vigor. Ora, tal não é verdade. (...)