Pelourinho Evacuar indivíduos? É raro um jornalista empregar bem esta palavra, que já em latim significava «esvaziar». Quando se diz: «Foram evacuados mil portugueses da Guiné-Bissau», o que se afirma, na nossa língua, é que mil portugueses foram esvaziados. Ou seja: cada um desses portugueses foi esvaziado. Ou seja: cada um desses portugueses ficou sem entranhas. Teresa Álvares · 25 de junho de 1998 · 12K
Controvérsias 25 % ficaram em casa, outra vez * Num espaço como este, frequentado por indivíduos de instrução diversa, não me parece muito didáctica a forma como Ciberdúvidas "resolveu" o problema de concordância intitulado "25 por cento dos alunos ficaram/ficou em casa". Um ilustre professor, Fernando V. Peixoto da Fonseca, diz que é singular. Outro professor, não menos ilustre, José Neves Henriques, admite que é singular. Mas poder-se-ia ter dito algo mais esclarecedor. Afonso Peres · 19 de junho de 1998 · 6K
Antologia // Portugal Uso literário do português O uso literário do português começou pelas formas poéticas, sob D. Sancho I (1154-1211) e principalmente quando os fidalgos que regressaram de França com D. Afonso III reproduziram como moda da corte o lirismo trobadoresco, que D. Denis aproximou da tradição popular. A redacção em prosa começou pelos latinistas eclesiásticos, traduzindo em português os Evangelhos e alguns livros moralistas dos Padres da Igreja. Teófilo Braga · 18 de junho de 1998 · 4K
Antologia // Portugal Falta de estilo De uma geração de «linguareiros sem gramática e sem escova de unhas» «Falta-nos a precisão no termo exacto; falta-nos a elasticidade no giro da locução; falta-nos o rasgo pitoresco no desenho da frase; falta-nos a vibrante harmonia na orquestração do discurso. Coçamo-nos, contorcemo-nos, desarticulamo-nos, a querer dizer amor, e nunca nos chega a língua. Temos a prosa histérica, abastardada, exangue e desfalecida de uma raça moribunda.» Texto da autoria de Ramalho Ortigão (1836 — 1915 ), publicado no livro As Farpas, em coautoria com Eça de Queirós. Edição David Corazzi, tomo III, pág. 44 e ss., janeiro de 1884, in Paladinos da Linguagem, 1.º vol., Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1921. Título da responsabilidade do Ciberdúvidas Ramalho Ortigão · 9 de junho de 1998 · 3K
Pelourinho Ministro sem calço Quando falamos português, só é aceitável o emprego de palavras estrangeiras se a necessidade de clareza o exigir. Compreende-se, por isso, que em certos casos se diga "design", embora desenho e estilo possam servir, e noutros se prefira "marketing", apesar de existir mercadologia. Esta regra obriga todos os cidadãos e, em especial, os membros do Governo. Mormente o ministro que fiscaliza se as empresas apresentam em português as instruções dos produtos.... Teresa Álvares · 5 de junho de 1998 · 3K
Diversidades O mosquito de Nietzsche Com sensibilidade, Inácio Bicalho e João P. Jorge leram-nos a sina das línguas, este mais do que aquele, num discurso ontológico. Faz sentido no actual período da História, para nos recordar a evidência esquecida de que o inglês, língua do império dominante, também há-de morrer. Diria que esta tese é oposta ao assomo do mosquito de Nietzsche. Ele, ser para nós insignificante, "imita" o anglo-saxónico, que se imagina o centro do mundo. Mas isso, afinal, quer no anglo-saxónico, quer no mosquito... Afonso Peres · 4 de junho de 1998 · 5K
Antologia // Portugal Portugueses: mestres da pronúncia A semelhança entre certas particularidades, comuns ao português e ao japonês, com igual paridade entre o português e o malaio, explicam suficientemente o fenómeno, que pareceria extraordinário, de ser a representação portuguesa dos nomes de muitas regiões da Ásia, onde estivemos e dominámos, a mais fiel às pronúncias vernáculas, entre as de todas as línguas europeias. O mesmo se pode dizer a respeito da nomenclatura da África, a sul do Equador. Aniceto R. Gonçalves Viana · 4 de junho de 1998 · 3K
Diversidades Cavês ou Cavez? Nas duas primeiras reuniões da Assembleia de Freguesia, após as eleições autárquicas de Dezembro do ano findo, foi discutida a grafia do nome da nossa terra, Cavez: uns, porque se escreve com z, Cavez; outros, porque se escreve com s e acento circunflexo, Cavês. Francisco Pereira · 1 de junho de 1998 · 4K
Antologia // Portugal A influência do português no Oriente A influência de Portugal no Oriente não tem sido até hoje devidamente apreciada num conjunto, em toda a sua extensão e em toda a sua intensidade. Tem-se escrito muito sobre os feitos gloriosos dos seus navegadores e conquistadores, sobre os actos heróicos dos seus capitães e governadores. Tem-se descrito graficamente o seu largo trato comercial, os seus vastos empórios, os labores penosos e o luxo deslumbrante de seus filhos nas colónias. Também se tem criticado severamente, pela orient... Sebastião Rodolfo Dalgado · 28 de maio de 1998 · 10K
Pelourinho Como em França se defende a sua língua... ... ao contrário do que se passa em Portugal As línguas da Exposição Mundial de Lisboa são o português, o inglês e o espanhol, o que valeu – e muito bem! – um protesto por parte das autoridades francesas. Carlos Marinheiro · 25 de maio de 1998 · 4K