Nenhum falante conhece todas as palavras da sua língua materna. Por exemplo, escaque, soleto ou epónimo são palavras de que, seguramente, a maioria dos falantes nativos do português nunca ouviu falar.
Nenhum falante conhece todas as palavras da sua língua materna. Por exemplo, escaque, soleto ou epónimo são palavras de que, seguramente, a maioria dos falantes nativos do português nunca ouviu falar.
Num artigo do último número do Diário do Alentejo, em que se evocam acontecimentos relacionados com o 25 de Abril — um espaço de memória —, são utilizadas duas palavras e uma expressão cuja história vale a pena conhecer: dias antes daquela data histórica, um repórter francês «aboletara-se» num hotel situado no Rossio [praça de Lisboa], dado ter tido conhecimento de um comunicado em que se afirmava que jovens oficiais portugueses tinham decidido «passar o Rubicão».
Recapitulemos mais uma série de pontos altamente questionáveis do Acordo Ortográfico:
Foi entretanto escamoteada a necessidade de elaboração de um vocabulário ortográfico (também no tocante à terminologia científica), prévio à entrada em vigor do Acordo, tal como se exigira em 1990 e em 1994.
É deficiente o corpus de 110 000 palavras tomado como base, uma vez que só o Dicionário Houaiss comporta cerca de 228 000.
Participei [no dia 31 de Janeiro p. p.], na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, num debate sobre o Acordo Ortográfico — que o Brasil prometeu aplicar este ano, e Portugal também, tendo Portugal depois recuado de forma inexplicável.
Pela experiência que ganhei participando em debates públicos cheguei à conclusão de que as opiniões contrárias ao Acordo Ortográfico resultam:
O programa Novas Oportunidades tem uma disciplina intitulada «Cidadania e Profissionalidade» com o objectivo de desenvolver nos formandos a «capacidade de programação de objectivos pessoais e profissionais».
A palavra "profissionalidade" não está registada em nenhum dicionário. Existe profissionalismo, «cumprimento do trabalho com seriedade e rigor», antónimo de incompetência, laxismo. Não é essa, porém, a palavra (ou noção) visada na dita disciplina.
Posições divergentes entre vários ministérios determinaram o adiamento da ratificação do Acordo Ortográfico, anunciada por Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, para dia 27 de Dezembro de 2007. «O Governo não chegou a um entendimento», esta é a «razão oficial», confirmada ao Expresso pelo gabinete de Amado, que levou aquele ministro a desistir da ratificação do documento na véspera do último Conselho de Ministros do ano passado. O MNE explica...
Finalmente,depois de uma espera de 17 anos, e de uma das maiores controvérsias culturais que já se fizeram (nenhum problema de educação foi tanto e tão apaixonadamente discutido na praça pública…), o Acordo Ortográfico vai ser posto em prática, mesmo com dez anos de arrastamento, para ser efectivo!
Desde há muito, se é que alguma vez foi, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deixou de ser um problema de mera linguística, para tornar-se um problema essencialmente politico (e geostratégico), e isto para além da sentença tida como axiomática no âmbito da Ciência Política, segundo a qual a «Política não é tudo, mas tudo é político, a começar por aquilo e aqueles que pretendem não sê-lo». Na hora de todas as emergentes "globalizações" (as económicas e as societais, as ortodoxas e as out...
Foi outro grande dignitário da Língua Portuguesa, Fernando Pessoa, que apelidou o Padre António Vieira de "Imperador da Língua Portuguesa", com a dupla autoridade que lhe assistia: a de um dos maiores cultores da nossa língua, e a de uma cosmovisão multiforme, tanto da condição humana, como da cultura portuguesa.
No espaço desta rubrica tenho procurado focar incorrecções, incongruências, redundâncias, invenções abusivas e, ao mesmo tempo, explicar (não desculpar) a sua ocorrência.
Apontar e riscar repetidamente o erro, por si só, não conduz o falante comum a conhecer o que fundamenta uma expressão (escrita e oral) correcta e consequente. Para isso é preciso ter (ou ganhar) consciência de que a língua não é um código regulamentar, mas sim um sistema complexo, variável e dinâmico.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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