No espaço desta rubrica tenho procurado focar incorrecções, incongruências, redundâncias, invenções abusivas e, ao mesmo tempo, explicar (não desculpar) a sua ocorrência.
Apontar e riscar repetidamente o erro, por si só, não conduz o falante comum a conhecer o que fundamenta uma expressão (escrita e oral) correcta e consequente. Para isso é preciso ter (ou ganhar) consciência de que a língua não é um código regulamentar, mas sim um sistema complexo, variável e dinâmico.
Mas, por conta da mensagem de correio electrónico que recebi do leitor João Manuel Videira Amaral, esta crónica vai hoje também ser um espaço de protesto: é que há erros que estão tipificados, que estão listados em qualquer prontuário, que são apontados vezes sem conta pelos professores do ensino básico, que são sublinhados a vermelho pelos correctores ortográficos do computador, que são, inclusivamente, usados para humilhar fulano ou sicrano — e, no entanto, pululam nos textos dos jornais. Porquê?!
"Pouparia-se", (Sol, 22/12/07) foi o erro que indignou o nosso leitor, ao qual posso juntar, sem nenhum esforço: «quando se tratem de situações …» (Correio da Manhã, 24/01/08); «políticas que destroiem o trabalho de preservação…» (Diário Digital, 5/01/08); «Estudou mercados, interviu com a aplicação de multas…» (Diário Económico, 28/12/07).
Nota: a não correcção dos erros apontados também faz parte desta minha acção de protesto.
Artigo publicado no semanário Sol de 2 de Fevereiro de 2008, na coluna Ver como Se Diz