Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Será indiferente usar assassínio ou homicídio? Foi esta a questão levantada em Portugal por vários jornalistas ao noticiarem a pena aplicada ao atleta sul-africano Oscar Pistorius (na foto) na sequência do crime de que foi acusado. Como mostra o jurista Miguel Faria de Bastos, na rubrica O Nosso Idioma, há realmente diferença entre os dois vocábulos, e esta insere-se noutro contraste mais alargado, o existente entre o discurso corrente e a linguagem especializada de qualquer campo técnico ou científico.

No consultório, faz-se a destrinça entre as expressões «de molde a» e «de modo a», dá-se nome português à cidade alemã de Rostock, define-se paródia e identifica-se a classe de palavras de sequer.

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Nas Controvérsias, dois textos em confronto por causa das palavras jiadejiadista:

– uma crónica da cronista Ana Cristina Leonardo (ACL) publicada em 18/10/2014, no semanário português Expresso, na qual a autora contesta a recomendação feita pelo Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para o uso de jiadista em vez de "jihadista";

– a carta (versão integral) que José Mário Costa, coordenador editorial do Ciberdúvidas, enviou ao mesmo semanário, para rebater as observações de ACL; e, em nota final sobre o desbragado uso de estrangerismos na imprensa portuguesa, para assinalar o que resulta da interferência da ortografia anglo-saxónica: precisamente, a adoção acrítica de formas incoerentes como "jihadista".

No consultório, revela-se que a expressão «quanto mais não seja» é, afinal, «quando mais não seja», e que proeminente nem sempre é o mesmo que preeminente. Outras questões: o que é zureta? Castro Daire tem grafia alternativa? Como analisar uma frase em que ocorre o verbo vir?

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Realizou-se em 22 e 23 de outubro p.p., em Macau,  o colóquio Entre a desmistificação e a utopia: Indagação sobre as lusofonias, uma iniciativa da Universidade de São José com o objetivo de discutir, entre outros temas, o da definição de políticas linguísticas. Neste âmbito, o debate "Políticas de Lusofonia, políticas de língua" foi pontuado de declarações que constituem chamadas à realidade e a mais trabalho. Assim:

Inocência Mata, especialista em Estudos Pós-Coloniais e professora na Universidade de Macau (UM), considerou que o português vive uma situação paradoxal nos países africanos de língua oficial portuguesa, porque, gerando exclusão (nem todos os cidadãos falam o idioma), é simultaneamente fator de identidade nacional; sublinhou ainda a diferenciação do estatuto da língua portuguesa em cada país africano, a qual «deverá ditar políticas de língua diferentes».

– A respeito do ensino do português na China, a intervenção de Maria José Grosso, docente do Departamento de Português da UM, alertou para o «baixo nível de proficiência dos professores» que não o têm como língua materna e para os métodos de ensino usados no território, que «já são considerados pouco motivantes» e que «muitas vezes têm que ver com a representação que esse professor tem do que é aprender uma língua».

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 Tema central desta atualização, e que fica assinalada em título (disponível na rubrica Correio): uma querela à volta do uso de palavra-passe e senha como tradução adequada do inglês password. Entretanto, no consultório, o eixo temático dominante é o da etimologia: qual é a origem de observar e de fronteira? E terá «dama de honor» alguma relação histórica com o inglês honour (honor na ortografia norte-americana)? Volta igualmente o tópico das regências, com perguntas sobre o comportamento sintático do adjetivo compenetrado e do verbo inscrever-se.

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1. Mais uma expressão que se soma às muitas que, em cada país, em cada região, definem especificidades locais ou nacionais que, afinal, são património de todas as comunidades que, internacionalmente, falam a língua portuguesa: trata-se de «vai de embute» («vai sem parar»), uma pitoresca expressão empregada informalmente em Portugal. Também característica do uso deste país é o uso da locução «até a» («até ao rio»), como se mostra na presente atualização do consultório, que inclui ainda uma questão sobre o valor semântico da conjunção correlativa «nem... nem...».

2. Entretanto, um novo canal de televisão via Internet foi lançado em 16/10/2014. Chama-se Mundus 21 e é dedicado à cultura em língua portuguesa, produzindo e divulgando conteúdos audiovisuais representativos da diversidade de povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Um recurso em linha a ter em conta, portanto.

3. A Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos são plataformas que põem os recursos em linha ao serviço do ensino-aprendizagem do português (língua materna e língua não materna), quer produzindo e oferecendo fichas de exercícios e guiões de aulas, quer organizando aulas para estudantes estrangeiros  (Portuguese as a Foreign Language). Informações no Facebook e na rubrica Ensino.

4. Com o apelo SOS Ciberdúvidas, procuramos viabilizar este serviço de esclarecimento, divulgação e debate de temas da nossa língua comum, na sua diversidade. O nosso obrigado aos consulentes pelos contributos que entendam enviar-nos.

 

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Voltamos a um tema já tratado no Ciberdúvidas por diversas vezes e em diversas circunstâncias: o aportuguesamento dos estrangeirismos entrados na nossa língua — e devidamente "vestidos" na correspondente grafia, como bem recomendava o filólogo Manuel Rodigues Lapa (1897-1989). É este o tema central do consultório, com dois casos destes aí tratados: os topónimos em latim têm forma portuguesa?; e é  legítimo adaptar o inglês knockout (abreviatura K. O.) e escrever nocaute? Outras dúvidas abordadas na mesma rubrica: qual é a subclasse do verbo nascer? O que significa prototipagem? Pode usar-se potencial como substantivo? Na rubrica O Nosso Idioma, uma crónica do jornalista Wilton Fonseca é ocasião para retomar também o problema da ortografia de derivados de estrangeirismos que são nomes comuns: como aportuguesar striptease? E como derivar um verbo deste anglicismo? 

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No Brasil, depois de muitos anos de esforços, completa-se um importante projeto para o estudo da história da língua portuguesa – e, como não podia deixar de ser, da língua galega: trata-se da versão impressa do Vocabulário Histórico-Cronológico do Português Medieval, lançado pela Fundação Casa de Rui Barbosa em 10/10/2014 no Rio de Janeiro. A obra, que nasceu de um projeto iniciado em 1979 pelo lexicógrafo brasileiro Antônio Geraldo da Cunha, compreende dois volumes que reúnem cerca de 170 000 palavras da língua falada em Portugal e na Galiza entre os séculos XIII e XV (na imagem, iluminura do Cancioneiro da Ajuda).

 

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aqui observámos que, nas notícias de âmbito internacional, a comunicação social portuguesa teima em empregar a forma "jihadista", enquanto jiadista, grafia adequada, aguarda pacientemente o dia em que terá a adoção e generalização devidas. Na rubrica O Nosso Idioma, José Mário Costa aponta "jihadista" como grafia incorreta, porque a palavra, que associa um sufixo do português – -ista – a um estrangeirismo – jihad, em árabe «luta» e «guerra santa» –, implica um aportuguesamento fonético e gráfico integral, incluindo o da sua base de derivação; ou seja, deve escrever-se jiadista, passando jihadjiade, porque a ortografia do português não aceita o h entre vogais1. Uma oportunidade para recordarmos o que, sobre a matéria, recomendava o filólogo português Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989), na sua incontornável Estilística da Língua Portuguesa (texto disponível aqui): «O estrangeirismo é um fenómeno natural [...] [mas] uma coisa é necessária, quando o estrangeirismo assentou já raízes na língua nacional: vesti-lo à portuguesa.»2

Ainda na mesma rubrica, assinala-se o regresso de Edno Pimentel com duas crónicas sobre erros frequentes tanto em Angola como noutros países de língua portuguesa: "Como (não) caber numa carteira" e "Um bom censo (espera-se) com bom senso".

Finalmente, falando ainda dos empréstimos de outras línguas no português, revelamos no consultório castelhanismos que ocorrem onde menos se espera e um galicismo pouco lisonjeiro.

1 Poderia argumentar-se que jihad é um nome próprio, o que legitimaria jihadista, à luz do estipulado pela Base I, 3.º do Acordo Ortográfico de 1990 (mantendo o disposto na Base II do Acordo Ortográfico de 1945): «[...] mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros, não tolerando substituição, quaisquer combinações gráficas não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakespeariano, de Shakespeare.» Não é disso que se trata, porque os dicionários registam jihad como nome comum (ver Dicionário Houaiss; Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora - disponível na Infopédia; Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).

2 Na perspetiva da linguística, leia-se o estudo de Tiago Freitas, Maria Celeste Ramilo e Elisabete Soalheiro, 2003. "O processo de integração dos estrangeirismos no português europeu", in Actas do XVIII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa, Associação Portuguesa de Linguística, pp. 371-385.

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Já é histórica a discussão à volta da forma islamista, condenada por uns e aceite por outros; mas, na rubrica O Nosso Idioma, o jornalista Wilton Fonseca  aborda as razões (políticas) invocadas para se diferenciar da forma tradicional islamita. No consultório, esclarece-se a origem do apelido (ou sobrenome) Mourato, a contextualização do arcaísmo filhar, o acento tónico de harpia, as variantes do termo da gíria "dechavar" e o género de Edda ou Eda, designação de uma importante coleção de textos da antiga literatura escandinava.

Falando de escandinavos e porque a atualidade ficou assinalada com os prémios Nobel de 2014, convém recordar que este nome próprio é vocábulo agudo (ou oxítono) em português – como acontece, aliás, em inglês e até em sueco, língua materna do próprio Alfred Nobel (1833-1896). Portanto: /Nobél/ — como, em baixo, bem dizem, em português,  o pivô do "Jornal da Tarde", da RTP 1, e, em inglês, o porta-voz do comité norueguês do Prémio Nobel; e não "/Nóbel/" (como pronuncia mal a jornalista autora da peça).

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A fórmula de agradecimento «bem haja» é frequente em certas zonas de Portugal, como alternativa a «obrigado/obrigada». Mas há dúvidas quanto ao seu uso mais correto, como evidencia uma das novas perguntas feitas ao consultório, no qual igualmente se revela o nome dado ao espaço onde se criam coelhos, o significado de maritimidade e a classificação de hipo- como elemento de formação de palavras. Na Montra de Livros, o registo é outro: apresenta-se o Dicionário de Insultos (Planeta Manuscrito, 2014), de Sérgio Luís de Carvalho, obra que lista impropérios com maior ou menor acinte, entre os quais se inclui o nada amigável sevandija (no sentido de «parasita», «pessoa desprezível»).