A ambiguidade é um fenómeno linguístico e ocorre quando uma frase ou palavra aceita mais do que uma análise ou interpretação. Há a ambiguidade lexical, em que os diferentes sentidos da mesma frase se devem à presença de uma palavra com homónimos, e a ambiguidade estrutural, em que as diferentes interpretações são potenciadas pela possibilidade de recortar duas hierarquias sintácticas na frase.
Passemos em revista alguns textos sobre este tema:
1. Os puristas da língua já acabaram? A ortografia serve para auxiliar a pronúncia? Os dicionários da língua publicados no Brasil não são válidos em Portugal? É só ao Governo que compete criar terreno para a elaboração de um vocabulário da língua portuguesa? Eis alguns tópicos de discussão dados à laia de mote por Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexiologia e Lexicografia da Língua Portuguesa, da Academia das Ciências de Lisboa:
2. Dizer mal quando é necessário, dizer bem quando é justo: Eduardo Cintra Torres elogia dois programas da RTP sobre língua portuguesa dirigidos ao grande público.
Vemos, ouvimos e lemos... asneiras.
Sem moralismos nem ironias: o ensino e o exercício da fala e da escrita correctas em português entraram em colapso. Os dados são objectivos, os exemplos vêm de instituições públicas portuguesas. Inverter esta situação é obrigação de todos. É obrigação do Ciberdúvidas, que aqui faz, semana após semana, o registo do erro. É que, por mais complacentes que queiramos ser, há sempre este primeiro passo: mostrar o erro.
Neste dia, relevamos:
1. No Cuidado com a Língua! de segunda-feira, 16 de Março (RTP 1, 21h18, hora oficial de Portugal continental; com repetição nos restantes canais da RTP), palavras, expressões e curiosidades da língua portuguesa em África serão o tema central. Falar-se-á de África, com a grande, e áfrica, com o a em minúscula. E de termos com origem em línguas africanas como berimbau, cachaça, cacimbo, quitanda, tanga ou quindim. E vamos “a” Maputo, ou vamos “ao” Maputo?
2. O programa de rádio Páginas de Português (Antena 2, domingo, 15 de Março, às 17h00) abordará o (mau) ensino da gramática nas escolas portuguesas e a adopção, finalmente, de uma terminologia linguística uniforme, actualizada, abrangente e consensual no sistema educativo português. E ainda: o termo ninfomaníaca aplica-se às mulheres; e aos homens como será?
3. Sobre o envio de perguntas ao Ciberdúvidas, lembramos que o preenchimento do campo do formulário palavras-chave é muito semelhante à pesquisa no Google. Por isso, agradecemos que os nossos prezados consulentes sigam uma regra essencial: indiquem apenas palavras de significação objectiva, sem aspas nem pontuação, que fixem a ideia central do tema da pergunta; por exemplo:
Palavras-chave: origem formulário
Pergunta/Comentário: Qual é a origem da palavra formulário?
1. Chegam ecos de que nem só de idiomas hegemónicos vive o globo. O guarani, língua indígena sul-americana falada por 15 milhões de pessoas, sobretudo no Paraguai, foi objecto de uma recomendação da Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Desportos do Parlamento do Mercosul com o propósito de lhe ser atribuído o título de idioma oficial desta organização económica, ao lado do espanhol e do português. Contestando a imposição do inglês na vida das empresas, vários sindicatos e associações alemães, franceses, italianos e do Quebeque defenderam o direito de cada funcionário a trabalhar na língua do seu país.
2. Neste dia, a jornalista e escritora portuguesa Clara Ferreira Alves converte-se ao novo Acordo Ortográfico numa crónica divulgada nas Controvérsias. No Pelourinho, revela-se que, em Portugal, a falta de qualidade linguística das propostas de lei deixou descontente o procurador-geral da República, Pinto Monteiro.
3. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 13 de Março (RDP África, às 13h15; com repetição no sábado, dia 14, às 09h15), pergunta-se o que falta para o Instituto Internacional da Língua Portuguesa cumprir a sua razão de ser. E porque não se falou das questões da língua, sequer do Acordo Ortográfico, na recente visita do presidente angolano a Portugal?
1. A visita oficial a Portugal do presidente de Angola caracterizou-se pela sua componente meramente económica. E como José Eduardo dos Santos nem sequer se fez acompanhar do seu ministro da Educação, não surpreende — mas estranha-se — que a língua comum não tenha integrado qualquer acordo ora oficializado. A língua comum e, nomeadamente, a questão da aplicação do Acordo Ortográfico no espaço da CPLP, onde Angola assume um papel decisivo… até pelo mais absoluto silêncio das autoridades de Luanda na matéria, até à data. Já para não falar da concretização — ou não, e quando, e como — do que foi anunciado, há menos de um ano, pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, precisamente em Luanda: o envio de 200 professores para apoio do ensino secundário em Angola.
2. Se Portugal e Angola desvalorizam a língua que os une histórica e culturalmente nesta passagem de José Eduardo de Santos por Lisboa, o Brasil avança a todo o vapor. Prometido a seu tempo pela Academia Brasileira de Letras, aí está, com lançamento para o dia 19 do corrente mês de Março, a 5.ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), com perto de 350 mil palavras, já actualizado com as novas regras do Acordo Ortográfico. Ver notícia desenvolvida aqui (e também aqui), nomeadamente os critérios adoptados nos diversos pontos omissos, ambíguos ou menos consensuais decorrentes do texto oficial de 1990. São os casos, entre muitos outros, da nova grafia das palavras compostas, com hífen ou sem hífen, ou das formas onomatopaicas.
3. «Este VOLP é a contribuição brasileira para a construção de um Vocabulário Ortográfico Comum, previsto no Acordo», crê o linguista Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Comissão Científica do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, a entidade responsável pela articulação da reforma do português escrito. Resta saber se Portugal, Angola e os demais parceiros do Brasil na CPLP unirão ou não esforços — e os meios indispensáveis — nesse sentido.
Neste dia, propomos a leitura dos muitos textos de autores lusófonos sobre a língua portuguesa, de diferentes épocas, que se encontram reunidos na rubrica Antologia. A esta colecção juntámos um novo poema, da autoria de Waldin de Lima, alusivo ao soneto Última Flor do Lácio, de Olavo Bilac (1865-1918). Mas outros escritores têm também a palavra, do século XV à actualidade, do Brasil a Goa: D. Duarte, Camões, Garrett, Eça de Queirós, Machado de Assis, Pessoa, Drummond de Andrade, Mia Couto, Pepetela, entre tantos outros.
1. No Pelourinho, João Alferes Gonçalves aponta um exemplo do mau uso do verbo vencer em texto jornalístico. E, nas Controvérsias, Ana Martins adverte que se impõem meios adequados para a aplicação do novo Acordo Ortográfico, porque há muito que a ortografia vive no caos entre os alunos portugueses. Regina Rocha, em crónica divulgada em O Nosso Idioma, explica que, na construção «ser um dos que...», o verbo que se segue a que (pronome relativo) fica no plural: «Eça de Queirós foi um dos escritores que contribuíram para o prestígio da literatura portuguesa.»
2. Episódio n.º 56 do Cuidado com a Língua! (RTP 1, segunda-feira, dia 9, 21h15 portuguesas, com repetição nos restantes canais da RTP): porque é que em Portugal se diz boleia (e no Brasil carona)? E qual a diferença entre uma Dona Elvira, um calhambeque e uma carripana? E carro, qual a sua origem semântica? Mais duas curiosidades da nossa língua: o significado preciso (e distinto) das expressões «armado de Fittipaldi» e «conduzir à Fangio».
3. A Escola Superior de Educação Almeida Garrett (Grupo Lusófona), em cujas instalações funciona o Ciberdúvidas (Palácio de Sta. Helena, Lisboa), acolhe no dia 9 de Março, pelas 19h30, o espectáculo teatral A Casa de Bernarda Alba, pela Escola Profissional de Teatro de Cascais.
O jornal Público fez 19 anos e assinalou a data com uma homenagem ao leitor: agradeceu-lhe as críticas às gralhas, aos erros e ao abuso dos anglicismos que, ao longo de quase duas décadas, despontaram aqui e ali, quais flores num jardim de Primavera.
A edição do Público (P2) do dia 5 de Março de 2009 recordava alguns desses erros.
1. Está previsto o lançamento, para o próximo mês de Abril, em Portugal, da moeda comemorativa da língua portuguesa: Pessoa de um lado, Camões do outro, mar dos dois.
2. Segundo o estudo do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), encomendado pelo Instituto Camões, os estudantes estrangeiros aprendem o português tendo em conta o seu potencial futuro, especificamente, aquele que decorre do crescimento económico de países como o Brasil e Angola.
O estudo teve em conta o peso das indústrias onde o factor língua é predominante ou essencial, como o sector editorial, a comunicação social ou o ensino.
3. No programa Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 5, 13h15, com repetição no sábado, às 0915, hora oficial portuguesa), está em destaque a Expolíngua Portugal, que teve este ano a língua portuguesa como convidada de honra.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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