1. São as abreviaturas criadas ao sabor das circunstâncias e da imaginação de cada um, ou têm elas regras bem definidas? Digamos que, para considerar uma abreviatura melhor do que outra, existem critérios – por exemplo, a aplicação generalizada de um ponto abreviativo –, conforme propõem alguns gramáticos normativistas, entre eles, o brasileiro Napoleão Mendes de Almeida (Dicionário de Questões Vernáculas, Rio de Janeiro, Editora Ática, 4.ª edição, 2001), que observa:
«Abreviaturas – No abreviar palavras em que após o ponto abreviativo não venham outras letras, devemos ter o tradicional cuidado de fazer, sempre que possível, terminar a abreviatura numa consoante e não numa vogal. Filosofia, por exemplo, tem por abreviatura fil. ou filos., mas não filo., com o o no fim. Se a palavra for cortada num grupo de consoantes, deverão as consoantes aparecer na abreviatura: geogr., e não geog.
É de lei ortográfica: se na abreviatura aparece a sílaba acentuada da palavra, o acento permanece: pág. (página).
É tradicional na língua o emprego de diversas abreviaturas, que ora consistem na inicial seguida de ponto (D. – dom), ora nas primeiras letras e o ponto (Rev.– reverendo), ora em algumas letras e o ponto (Revmo. reverendíssimo), ora numa letra seguida de barra: m/ – meu(s), minha(s). [...]»*
No consultório, este tipo de reduções volta a estar em questão, por causa de palavras como senhor, excelentíssima e a forma de tratamento «Vossa Excelência». Outra dúvida em discussão: de que maneira se pluraliza a palavra latina incipit, referente ao verso inicial que permite identificar um texto literário sem título?
*Sobre a obrigatoriedade do ponto abreviativo nas reduções de palavras ou dos numerais – mas não, já, no caso da grafia dos símbolos –, leia-se este esclarecimento de Maria Regina Rocha, na rubrica O Nosso Idioma.
2. Refira-se que a Rádio Nacional de Angola está a repetir os episódios mais recentes de Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, um programa realizado com a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Recordem-se, portanto, alguns desses apontamentos: 74.º Salgalhada; 79.º Direto vs. direito; 80.º Dipanda + kimbanda + kianda; 85.º "Jornadas Culturais e Patrióticas", e não "Jornadas Culturais e Patriótica"; 88.º Estufar, estofar e outros parónimos.