Voltamos a um tema já tratado no Ciberdúvidas por diversas vezes e em diversas circunstâncias: o aportuguesamento dos estrangeirismos entrados na nossa língua — e devidamente "vestidos" na correspondente grafia, como bem recomendava o filólogo Manuel Rodigues Lapa (1897-1989). É este o tema central do consultório, com dois casos destes aí tratados: os topónimos em latim têm forma portuguesa?; e é legítimo adaptar o inglês knockout (abreviatura K. O.) e escrever nocaute? Outras dúvidas abordadas na mesma rubrica: qual é a subclasse do verbo nascer? O que significa prototipagem? Pode usar-se potencial como substantivo? Na rubrica O Nosso Idioma, uma crónica do jornalista Wilton Fonseca é ocasião para retomar também o problema da ortografia de derivados de estrangeirismos que são nomes comuns: como aportuguesar striptease? E como derivar um verbo deste anglicismo?
Em Portugal, na semana que ora termina, assinalou-se o centenário de uma figura cuja obra é ainda uma referência incontornável para os estudos de etimologia e toponímia do território português. Referimo-nos ao filólogo, arabista e lexicógrafo José Pedro Machado (1914-2005), cujo aniversário, em 15/10/2014, a Biblioteca Nacional celebrou com duas conferências proferidas por António Dias Farinha (Universidade de Lisboa e Academia das Ciências de Lisboa) e Isabel Casanova (Universidade Católica de Lisboa). No mesmo dia, foi inaugurada uma mostra que fica patente ao público até ao final de 2014.
Vale a pena assinalar a entrevista que o escritor cabo-verdiano Germano Almeida concedeu ao jornal português Diário de Notícias em 4/10/2014. As suas declarações, não se furtando à polémica, sublinham a dualidade da herança cabo-verdiana, entre o apego localista que o crioulo talvez represente (ou não) e a vocação universalista que a língua portuguesa parece favorecer. Registemo-las, para debate:
«Tenho insistido na necessidade de nós em Cabo Verde dominarmos o português até mais do que os portugueses. Porque nós com o crioulo não vamos longe, não saímos das ilhas. Com o português vamos para Portugal, para o Brasil, para Angola.»
(...)
«Algumas pessoas dizem que sou um traidor por achar o português tão importante como o crioulo. [...] Mas a verdade é que defender o português é ideia que ganha adeptos, felizmente. Por exemplo, há quem defenda o ensino universitário em crioulo, e isso é absurdo.»
O programa Língua de Todos de sexta-feira, 17/10/2014 (às 13h15* na RDP África; com repetição no dia seguinte depois do noticiário das 9h00*), entrevista Miguel Anacoreta Correia sobre o processo de globalização do português. No programa Páginas de Português de domingo, 19/10/2014 (às 17h00* na Antena 2), salienta-se o 1.º Congresso Internacional do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, como homenagem à escritora portuguesa.
* Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.
A Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos propõem um novo paradigma para o ensino de línguas. Porque não visitá-los e utilizar os recursos aí oferecidos para o ensino-aprendizagem do português (língua materna e língua não materna) ou, se for estudante estrangeiro, inscrever-se em aulas individuais (Portuguese as a Foreign Language) que vão ao seu ritmo? Mais informações no Facebook e na rubrica Ensino.
Reiteramos o apelo SOS Ciberdúvidas, para apoio da manutenção deste espaço dedicado ao esclarecimento, à divulgação e ao debate de temas da língua portuguesa, na sua diversidade. Os nossos agradecimentos a quantos entendam ajudar o serviço aqui prestado, gracioso e de acesso universal.