Em Luanda, é notícia a apresentação feita pelo titular do Ministério da Administração do Território (MAT), Bornito de Sousa, de uma proposta de lei sobre a toponímia, tendente a harmonizar a escrita em língua portuguesa dos nomes de algumas localidades e províncias do país. Vários órgãos da comunicação social públicos já receberam mesmo orientações concretas no sentido de alterarem a grafia de nomes de origem banta; por exemplo, substituindo o k por c: Cuando Cubango, em vez de Kuando Kubango, e Cuanza Norte, em vez de Kuanza Norte. Trata-se de uma diretiva não coincidente com posições que reclamam uma maior identidade gráfica das palavras provenientes das línguas nacionais – é o caso desta entrevista da linguista Amélia Mingas, concedida em outubro de 2013.
Justamente a propósito da norma linguística em Angola, oiçam-se dois apontamentos da série Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, um programa produzido pela Rádio Nacional de Angola, com a colaboração do Ciberdúvidas da Língua Portugesa: a diferença entre «ir ao encontro» e «ir de encontro» (12.º episódio); e a palavra advocacia, incorretamente substituída por "advogacia" (13.º episódio).
Na rubrica Acordo Ortográfico, ficam em linha duas tomadas de posição no seguimento da resolução* aprovada no parlamento português em 28/02/2014l:
♦ o editorial, nessa mesma data, do Público, o jornal mais hostil em Portugal à atual reforma do português;
♦ uma reflexão do historiador Rui Bebiano, onde se recorda a polémica, «igualmente forte e feia», de há 100 anos, quando, com a primeira grande reforma ortográfica do português, o "ph" passou a "f" e o "y" a "i" (texto original publicado em 1/03/2014 no jornal As Beiras).
No Pelourinho, Paulo J. S. Barata retoma a velha confusão entre «ter que ver» e «ter a haver»; e o jornalista Emídio Fernando manifesta descontentamento com as letras da atual música angolana. Quanto ao consultório, uma pausa curta nas atualizações marca os festejos do Carnaval, mas na quarta-feira, 5 de março, as novas respostas estão de regresso.
*Aprovada na sequência de uma petição pública que reclamava a desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico, a resolução do parlamento português suscitou diferentes reações na comunicação social portuguesa. Entre a várias tomadas de posição, pró e contra, registam-se aqui estas: Pedro Almeida Cabral, "Dez razões para apoiar o Acordo Ortográfico" (Expresso, 28/02/2014); Henrique Monteiro, "Acordo Ortográfico - o debate exagerado" (ibidem); e parte de uma crónica de Miguel Sousa Tavares (ibidem, 1/03/2014). E, ainda, estas Notas sobre o AO 1990, escritas pelo crítico literário Eduardo Pitta, no seu blogue Da Literatura.
Na Ciberescola da Língua Portuguesa e nos Cibercursos, continuam abertas as inscrições nos seus cursos individuais para falantes estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language). Mais informações no Facebook e na rubrica Ensino.
Apelamos aos nossos consulentes para que nos apoiem a manter o Ciberdúvidas como espaço livre de divulgação e debate, dedicado à língua portuguesa e à sua diversidade. Agradecimentos antecipados.