A verdade é que na altura em que respondi à questão me apercebi desse detalhe. Porém, tratando-se de uma citação (que tive o cuidado de identificar, localizar e sinalizar com aspas), não podia alterar fosse o que fosse, uma vez que nesse caso correria o risco de algum outro consulente mais atento me acusar de alteração do texto alheio.
Agora relativamente a ‘o/a personagem’: o Dicionário Electrónico Houaiss da Língua Portuguesa (cópia da última versão não electrónica), o dicionário Aurélio – Séc. XXI, o Dicionário da Língua Portuguesa – 2003 (Porto Editora) e o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências), todos eles consideram personagem um «substantivo de dois géneros». Daqui se depreende que, ao contrário da opinião do referido gramático brasileiro citado nessa resposta anterior do Ciberdúvidas, ‘personagem’ (já) não é uma palavra exclusivamente do género feminino: o seu uso dentro dos dois géneros assim o dita. Urge, pois, uma actualização…
Ainda sobre a Nova Gramática, importa dizer que, tendo sido escrita em co-autoria por um português e um brasileiro (Lindley Cintra e Celso Cunha, respectivamente) e sendo a palavra «personagem», no Português do Brasil, usada frequentemente no género masculino, sou levada a crer que talvez tenha sido o último autor a redigir o capítulo em questão.
Só me resta agradecer pela chamada de atenção e pelo facto de nos ter obrigado a rever mais uma questão dúbia da Língua Portuguesa.