A pontuação utilizada no diálogo ou, como é o caso, no discurso directo, não é regida por nenhuma regra específica. Este estilo (o estilo/discurso directo) é, de resto, utilizado de maneira muito diferente de pessoa para pessoa, de autor para autor (lembremos, por exemplo, os casos de Saramago ou Lobo Antunes, cuja aplicação da pontuação é sempre muito livre). Passa-se ainda que as convenções de pontuação são por vezes diferentes até de país para país.
Julgo, pois, que ambas as situações apresentadas pelo consulente são aceites e possíveis, sendo que a opção entre uma e outra é meramente estilística e por isso pessoal (o que não seria aceite seria o uso do ponto, seguido de letra minúscula, por exemplo, mas isso é uma regra geral da pontuação, e não uma regra do discurso directo).
A Nova Gramática do Português Contemporâneo (Cunha e Cintra, Edições João Sá da Costa) apenas refere que o verbo dicendi (respondeu, neste caso) pode estar no princípio, no meio ou no fim do discurso directo e que, sempre que faltar este verbo, o contexto e os recursos gráficos (dois pontos, aspas, travessão ou mudança de linha) têm "a função de indicar a fala do personagem" (pp. 630, 631).
Relativamente ao facto de ser ou não diferente a pontuação no diálogo do discurso ficcional e não ficcional, julgo, mais uma vez, que se trata de uma questão de estilo. Não havendo uma regra reguladora, existem várias possibilidades (independentemente de ser ficção ou não).
Apesar de não haver uma convenção, tal não significa, porém, que se use inadvertidamente a pontuação. Há regras específicas para cada sinal e, tratando-se ou não de discurso directo, estas regras devem ser respeitadas tanto quanto possível.