Quando falamos de trovadores, pensamos na lírica medieval; associar ao aqui designado trovadorismo as novelas de cavalaria só indirectamente o devemos fazer: porque se, em ambos os casos, estamos ainda na Idade Média, já as novelas partem de canções de gesta, de uma épica inicialmente prosificada em França ou na Inglaterra, talvez nos dois países. Interessa é que, no caso português, a matéria da Bretanha ou arturiana (à volta do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda) foi mais importante que a carolíngia (sobre Carlos Magno) e a do ciclo clássico, protagonizada por heróis da Antiguidade. As novelas mais conhecidas, e traduzidas (a terceira só para espanhol), foram A Demanda do Santo Graal, José de Arimateia e Merlim. O Amadis de Gaula, em castelhano, ainda hoje levanta problemas de atribuição autoral e linguística. Entre os nssos séculos XIII e XVI afirma-se, pois, um género, que há-de inspirar a historiografia, autores como João de Barros, Camões ou Jorge Ferreira de Vasconcelos, e, sobretudo, um ciclo de Palmeirins. Além de proverem às necessidades da fantasia, em tempos aqui e ali bárbaros, sugeriam origens nacionais e relações entre Estados quando estes ainda se configuravam. Como bibliografia, Manuel Rodrigues Lapa, Lições de Literatura Portuguesa. Época Medieval, 9.ª ed., Coimbra, 1977, é um bom princípio. No Brasil, Massaud Moisés, A Novela de cavalaria portuguesa. Achega Bibliográfica, separata da Revista de História, S. Paulo, 1957. Isabel Almeida faz o ponto da situação em Livros Portugueses de Cavalarias do Renascimento ao Maneirismo, tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, em 1999. Há, também, bibliografias particulares sobre o quadro arturiano e carolíngio, etc.