DÚVIDAS

«Panos de vinagre»

Durante a leitura do livro Luzia-Homem, obra datada de 1903, do escritor brasileiro (e de Sobral, estado do Ceará) Domingos Olímpio, deparei com a expressão «ficar a panos de vinagre» no contexto «Tivera eu a sua força, não precisaria de arma: quebrava-lhe a cara safada que ficaria a panos de vinagre» (Domingos Olímpio, Luzia-Homem, cap. IV, p. 13). Desconfio que a locução, de cunho idiomático, é herança lusitana. Diz-se assim em Portugal também? E, se sim, qual o sentido?

Resposta

Na atualidade, a expressão é pouco usada em Portugal. Mas há atestações no passado, por exemplo, no século XIX, em autores portugueses, tal como se verifica com autores brasileiros: «Achou o rei de cama todo em panos de vinagre» (Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português, p. 106). Depreende-se que «a panos de vinagre» significa muito doente». Acrescente-se que o vinagre é utilizado para embeber compressas (ou seja, «panos»), como remédio caseiro para fazer baixar a febre.

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