De facto, na língua portuguesa não se emprega geralmente o apelido/sobrenome para referir ou interpelar um indivíduo do sexo feminino. O uso que está enraizado é usar os vocábulos dona e doutora (cujas abreviaturas são, respetivamente, D. e Dra.), seguidos do nome próprio (primeiro nome) da mulher que é assim referida ou interpelada:
(i) «Bom dia, D./Dra. Amélia.»
Certas obras registam o uso de menina em Portugal ou senhorita no Brasil como título a atribuir a mulheres jovens e solteiras (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, edições João Sá da Costa, 1984, pág. 294). A reaidade é que ambas as formas estão hoje em desuso, mas, a ocorrerem, associam-se preferencialmente ao nome próprio.
Observe-se, no entanto, que, pelo menos em Portugal, a comunicação social tem usado senhora com apelidos/sobrenomes para referir mulheres que ocupam o cargo de primeiro-ministro:
(ii) «a Sra. Merkel»
(iii) «a Sra. Thatcher»
Trata-se de um uso controverso, tradução literal dos títulos Frau, em alemão, e Mrs. (Mistress), em inglês. Tem também por vezes certo tom irónico, que muitos jornalistas evitam usando o nome próprio das figuras em referência:
(iv) Angela Merkel, Margaret Thatcher
Já em relação a um homem, formalmente usa-se o apelido/sobrenome («o sr. Guerreiro»), mas informalmente também é possível ocorrem expressões como «sr. António» (p. ex., em referência a um homem que se chama António Guerreiro).