Parece-me que, a respeito da forma amandar, não se trata de negar a sua expressividade ou a sua coerência morfológica e semântica. O que acontece é que o juízo normativo que sobre ela recai é, por enquanto, negativo. Um falante pode sempre, como faz o consulente, legitimar o uso desta palavra ou daquela construção, mas a verdade é que, se sobre uma forma linguística se generalizou uma apreciação desfavorável no seio de toda a comunidade de falantes ou em certos meios com maior poder sobre os usos linguísticos, torna-se difícil retirar-lhe essa carga negativa, por muito injusta que ela seja. No caso, de amandar, dada a sua popularidade, é possível que nos encontremos no caminho de a tolerar no português europeu. Mas, por agora, considera-se que o verbo não é aceite pela norma, conforme se diz mesmo numa gramática descritiva, a de M.ª Helena Mira Mateus et al. (Gramática da Língua Portuguesa, 2003, pág. 955; negrito no original):
«[...] a coexistência de um verbo simples com um parassintético estranho à norma do português [...] está igualmente atestad[a]:
(8) baixar abaixar
calcar acalcar
limpar alimpar
mandar amandar [...]»
Já agora, cumpre-me assinalar que a edição brasileira de 2011 do Dicionário Houaiss tem marca de uso a respeito da entrada amandar: «Regionalismo: Portugal. Uso: informal.» Há, portanto, uma indicação sobre o contexto ou registo em que esta forma verbal costuma ocorrer.