Que é, neste caso, e segundo o Dicionário Terminológico (DT), um determinante interrogativo, porque ocorre com um nome — «coisa» — numa construção interrogativa, permitindo a identificação do constituinte interrogado.
De facto, este que (com valor de qual — «qual coisa») introduz uma construção em que está implícita uma interrogação/pergunta formulada indirectamente, o que a integra no tipo de frase interrogativa indirecta.
No entanto, o conceito de tipos de frase distingue-se do de oração, apesar de os dois pertencerem ao domínio da sintaxe, e se referirem à mesma construção — «que coisa ela quer ter». Por isso, quanto à sua classificação no âmbito das orações, esta frase é uma oração subordinada substantiva completiva, porque é complemento directo do verbo da oração subordinante.
Uma vez que nesta resposta se interligam várias realidades linguísticas, considera-se pertinente citar alguns excertos, bastante esclarecedores, do DT, em que na explicitação do tipo de frase interrogativa se estabelece relação com as orações a que pode corresponder:
[Dentro do] «(tipo de) frase interrogativa […], as interrogativas directas (Comeste a sopa?) podem ser frases simples, enquanto as interrogativas indirectas (O João perguntou [se comeste a sopa]) são subordinadas substantivas completivas.
Por sua vez, relativamente às orações subordinadas substantivas completivas, são-nos fornecidas as seguintes indicações:
Oração subordinada substantiva que é sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjectivo, podendo ser introduzida pelas conjunções subordinativas completivas que (i), se (ii) e para (iii). As subordinadas substantivas completivas podem ser finitas ou não finitas (iv), consoante o verbo se encontre numa forma verbal finita ou não finita.
Exemplos
(ii) A mãe perguntou [se queremos jantar já].
(iii) A professora pediu [para sair mais tarde].
(iv) O Manuel afirmou [adorar música chilena].