A 3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo rir, riu, deverá soar [Ríw] (cf. Maria Helena Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, 2003, p. 994). Estamos, neste caso, na presença de um ditongo decrescente (ou seja, vogal seguida de glide)1.
No caso do substantivo masculino rio, a pronúncia oficial é [ˈRi.u], com realização fonética de duas vogais seguidas e, portanto, de duas sílabas, como bem constata o prezado consulente. Porém, na verdade, como se pode ler nesta resposta de A. Tavares Louro e Carlos Rocha, constata-se que a referida palavra acaba por ser «realizada oralmente de duas formas: ri-u e riu [ríw], especialmente na região de Lisboa».
No que diz respeito à última questão apresentada pelo consulente — a leitura do e inicial de algumas palavras como ê —, direi que se trata de um fenómeno de hipercorrecção, a que Fernando Venâncio, num divertido e êxemplar artigo intitulado «Medo ao i», chamou, com uma ponta de ironia, «pronúncia chique».
1 Segundo Mateus e outros, op. cit., p. 993, as glides, ou semivogais (representadas por [j] ou [w]) «têm características idênticas às das vogais [i] e [u] mas distinguem-se delas por terem uma pronúncia mais breve, não serem acentuadas nem poderem constituir núcleo de sílaba».