O consulente foca três casos diferentes de uso linguístico que são sinal de variação não admitida pela norma.
1. "Vacinei"= vacinar-se
Na norma, o verbo é transitivo («vacinar alguém») ou pronominal («vacinar-se»); o verbo deixa de ser usado reflexivamente, um pouco como o uso brasileiro de esquecer-se de («esquece de si mesma», cf. Dicionário Houaiss).
2. "Reprovei": fui reprovado
O verbo é transitivo («reprovar alguém») e tem sentido a{#c|}tivo, mas os falantes (mesmo os portugueses) usam-no na voz activa com valor passivo; parece que a sintaxe do verbo se alterou por analogia com passar na acepção de «passar de ano, ser aprovado»: assim como «se passa (num curso)», também se «"reprova" (num curso)».
3. "Emprestei" = pedi emprestado/tomei de empréstimo
Trata-se de uma confusão ou perda de oposição entre emprestar («ceder temporariamente») e «pedir emprestado». Este uso está descrito como brasileirismo no Dicionário Houaiss. Talvez se deva ao facto de não existir uma unidade lexical simples com o significado de «pedir emprestado». Mas é frequente de neutralização entre itens lexicais que estabelecem uma relação de antonímia conversa (comprar/vender, aprender/ensinar). Por exemplo, em francês, o contraste entre apprendre e enseigner deixa de se fazer e é substituído pelo uso de apprendre para recobrir os significados dos dois verbos.