Não, não está.
Acontece que, em matéria de apelidos, é permitido conservar certas grafias antiquadas:
há quem use um apóstrofo em «d´Abreu» em lugar de «de Abreu» porque é tradição de família ou porque se pretende, por assim dizer, aristocratizar o nome, dando-lhe um toque de distinção; escreve-se «Correa» ou «Corrêa» em vez de «Correia», ao que parece, pelos mesmos motivos.
As formas em -aes visam o mesmo efeito, e podem justificar-se na maioria dos nomes em apreço como grafias que documentam o hiato ae por supressão de um -l- intervocálico. Assim, Carvalhais, Morais, Nabais, Novais, Palhais e Vinhais são tratados como plurais de nomes terminados em -l. Estes plurais terão tido a forma -les nos alvores do romance galego-português; deste modo o actual Morais procede de Moraes, e este, por sua vez, de Morales.
No caso de Fróis, a história morfológica não é a mesma das formas anteriores, porque se trata de um patronímico; parece haver um processo semelhante, na medida em que, segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), o nome remonta a Froiliz, que também foi afectado pela queda do -l-; a forma Froez está documentada no século XVI (idem), mas a evolução fonética fê-la convergir com nomes terminados em -ol: espanholes > espanhoes > espanhóis; Froiliz > Froez > Froes e Fróis. O mesmo se diga acerca de Pais: Morales > Moraes > Morais; Pelagizi > Pelaici > Pelaiz > Paaiz > Pais. Note-se que nestes casos as grafias com e não parecem ser etimológicas.
A grafia Góis consagra a pronúncia actual, apesar de variação no passado: Goes e Goiz (Machado, op. cit.).
Finalmente, o apelido Arrais, que deriva do substantivo comum arrais, de origem árabe (ar-rāis «comandante»), aparece escrito com e desde o século XIV (Dicionário Houaiss). Foi no século XX que se propôs a grafia actual, mais de acordo com a etimologia e com a pronúncia do presente.