O termo lectorium, que não existia em latim clássico, foi cunhado pelos monges da Idade Média e designava, num mosteiro, um compartimento destinado sobretudo à leitura, tal como scriptorium se referia a uma divisão destinada sobretudo à escrita. Uma tradução aceitável será, portanto, «sala de leitura».
O vocábulo provém de lectum, supino do verbo legere («ler»), tal como scriptorium (outro termo monástico, inexistente em latim clássico) provém de scriptum, supino do verbo scribere («escrever»). Scriptorium deu em português escritório, tal como refectorium (mais outro termo monástico) está na origem do nosso refeitório. Lectorium, no entanto, nunca foi aportuguesado. Se tivesse sofrido uma evolução fonética normal, teria dado *leitório na nossa língua.
Lectorium é um termo relativamente frequente em várias línguas, sendo utilizado para designar salas de leitura (ou até, algo abusivamente, auditórios e bibliotecas) em universidades e noutras instituições.
No entanto, a verdadeira internacionalização do vocábulo ocorreu na primeira metade do século XX, quando foi fundada a escola esotérica Lectorium Rosicrucianum, actualmente implantada em vários países, incluindo Portugal. Nesta designação, o vocábulo perdeu obviamente o sentido original de «sala de leitura» e passou a designar toda a escola, onde não só se fazem leituras (neste caso, esotéricas), mas também se dão palestras e se realizam outras actividades.