Para um estudo completo e actualizado do conceito geral do que é uma sílaba e de qual a sua constituição, poderá ler a obra Contar (Histórias de) Sílabas: Descrição e Implicações para o Ensino do Português como Língua Materna, de Maria João Freitas e Ana Lúcia Santos, Lisboa, Editora Colibri, 2001.
Como imagino, embora tal não seja referido, que o problema se situa não propriamente no âmbito da divisão silábica, mas, sim, no da translineação, poderá consultar o acordo ortográfico ainda em vigor, ratificado pelo Decreto n.º 35 228/45 e cujo texto se encontra, por exemplo, na obra A Questão Ortográfica: Reforma e Acordos da Língua Portuguesa, de Edite Estrela, Lisboa, Editorial Notícias, 1993.
Adianto, de qualquer forma, que, para efeitos de translineação, a base XLVIII do acordo referido postula algumas diferenças entre a sílaba fonética e a divisão de uma palavra em final de linha. É o caso das consoantes -s- ou -r- quando ocorrem no meio da palavra, mas a iniciar sílaba. A palavra carro tem tantas sílabas como caro; em ambos os casos, a primeira sílaba, do ponto de vista fonético, acaba em a. Se fizermos a transcrição fonética destas duas palavras, temos: caro [karu]; carro [kaRu]. Se fizermos a divisão silábica, teremos: /ka.ru/ e /ka.Ru/. Como o som [R], entre vogais, corresponde a dois -rr-, a divisão, do ponto de vista fonético, é ca.rro. Porém, para efeitos de translineação, estas duas consoantes dividem-se; temos assim car-ro. Esta regra, que é convencional como grande parte das regras ortográficas, é já enunciada na reforma ortográfica de 1911, cujo texto se encontra também transcrito na obra de Edite Estrela (Base XLI, p. 48).