Apresentação
O léxico de uma língua, conjunto de todas as suas palavras, é um sistema dinâmico, isto é, caracteriza-se pelo movimento: de fora para dentro, de dentro para fora e, ainda, dentro si mesmo. Esse movimento está na base da inovação lexical que, com frequência, gera insegurança ao utente da língua.
Neste espaço, pretende-se falar de inovação lexical: porque ocorre, como se caracteriza, que fazer perante ela. Na medida do possível, estes temas serão abordados com base em exemplos concretos.
A inovação lexical
Qualquer língua é caracterizada pela mudança e pela inovação. Todas as línguas evoluem necessariamente ao longo do tempo e a ausência de evolução significa para elas a sua morte.
Uma das facetas em que a mudança linguística é mais evidente é o léxico. É através dele que denominamos a realidade que nos rodeia, é através dele que trazemos o mundo para a língua. Ora, se o nosso mundo se caracteriza, actualmente, pela evolução constante e, dir-se-ia, vertiginosa, é lógico que os léxicos das línguas que falamos, também eles têm que evoluir ao mesmo ritmo. Essa evolução traduz-se na incorporação de novas palavras – os neologismos –, bem como na queda em desuso de outras palavras – os arcaísmos, que passam a fazer parte de uma espécie de património lexical, reutilizado quando necessário, mas que carece de ser preservado em dicionários de língua ou em dicionários históricos.
Para incorporar palavras novas, os léxicos das línguas dispõem basicamente de três mecanismos distintos: a construção de palavras, recorrendo a regras da própria língua; a reutilização de palavras existentes, atribuindo-lhes novos significados; a importação de palavras de outras línguas.
Dos três processos disponíveis, aquele cujos resultados mais “chocam” o falante é, sem dúvida, a importação de palavras. Porquê?
Em primeiro lugar, porque as unidades importadas são, normalmente, produzidas em sistemas linguísticos distintos do nosso e, como tal, apresentam características formais que, além de as tornarem opacas, são violadoras do sistema linguístico importador. Essas características tornam o seu uso difícil para o falante nativo que não tenha contacto com a língua-fonte dessas palavras, colocando-o, com frequência, em situação de discriminação por não saber pronunciá-las “correctamente”, ou escrevê-las, ou por não as entender.
Em segundo lugar, e a um outro nível, a importação em massa de palavras que muitas vezes substituem palavras vernáculas, pode descaracterizar o idioma receptor.
Não podemos evitar a importação de palavras, sobretudo, não num mundo globalizado como aquele em que vivemos. O movimento de palavras de umas línguas para outras é tão natural como a própria existência de línguas diferentes. Temos, isso sim, é o dever de reflectir um pouco sobre essas importações e de propor, se possível, formas mais adequadas para as substituir.