DÚVIDAS

Estrangeirismos e falta de acentos

Vejo isto constantemente na minha profissão, e tal, devo confessar que
me intriga e me deixa deveras perplexo:

«As actividades do Outsourcing de Serviços incluem: (1) Business Process Outsourcing ; (2) Outsourcing de Infra-estruturas Informáticas; (3) Contact Centers e (4) IT Consulting.»

Extraído do sítio da rede de uma grande empresa portuguesa.

Isto é prática comum neste mercado! Estarão as novas tecnologias a defraudar os fundadores do português através de diversas gerações?

Até no espaço cibernético grafamos no navegador da rede "Ciberduvidas", e não Ciberdúvidas.

A que se deve a ausência de caracteres acentuados no espaço cibernético?

Resposta

Relativamente à passagem em causa, a perplexidade do consulente também é nossa: a pequena avalancha de anglicismos espelha bem o trabalho que temos pela frente quando se trata de criar novas terminologias em português.

A falta de acentos, por seu lado, é sem dúvida um erro, porque esses diacríticos1 fazem parte da ortografia do português. Mesmo nos  endereços de correio electrônico é possível, desde 1 de Janeiro de 2005, escrever caracteres especiais, conforme se estipulou no "Regulamento de entrada em vigor dos ID-names", disponível no sítio do Serviço de Registo de Domínios de .PT (trata-se de uma unidade da Fundação para a Computação Científica Nacional — FCCN):2

«[...] a partir do dia 1 de Janeiro de 2005 é possível o registo de nomes de domínios/subdomínios com caracteres especiais do alfabeto português, à semelhança da prática internacional que aponta para a utilização multilíngue da Internet.»

Esta possibilidade está também contemplada no "Regulamento do registo de domínios/subdomínios de .PT" (art. 8.º, pág. 9; consultar sítio da FCCN).

1  Diacrítico é «[...] [um] sinal gráfico que se acrescenta a uma letra para conferir-lhe novo valor fonético e/ou fonológico [Na ortografia do português, são diacríticos os acentos gráficos, a cedilha, o trema e o til]» (Dicionário Houaiss).

2 Este parágrafo foi corrigido em 28/06/10. Os nossos agradecimentos ao consulente Carlos Mourão (Campinas, Brasil) por nos ter enviado um reparo que levou a rectificar a resposta.

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