O facto de presidenta ser o feminino de presidente não quer dizer que nos vejamos obrigados a empregar a forma feminina. Cada um fará como lhe agradar. E não é por os dicionários registarem presidenta que nos veremos obrigados a empregar tal palavra. Lembremo-nos, até, do seguinte: Há muitas e muitas formas femininas que os dicionários não mencionam: professora, advogada, aluna, empregada, enfermeira, etc.
Não é apenas o povo menos culto que mostra tendência para formar femininos e dizer estudanta, ajudanta, comercianta, comandanta, etc. As pessoas cultas também têm essa tendência mas receiam segui-la. E uma prova de que têm essa tendência, é que dizem elefanta, infanta, governanta, arquitecta e outras.
Outra prova é esta: Quando tivemos a primeira mulher a desempenhar o cargo de ministro, surgiu a ministra - e pegou. É certo que houve argumentos contra, e um deles foi o seguinte, sem pés nem cabeça, como soe dizer-se: o correcto é a ministro, porque a mulher desempenha o cargo de ministro. Temos aqui dois deslizes:
1 - Dizermos "a ministro Fulana" é erradíssimo, porque não podemos preceder de artigo feminino um substantivo masculino. Alguma vez se ouviu " a professor Fulana?"
2 - A palavra cargo não tem nada que ver (e não a ver) com a concordância do vocábulo que indica a profissão. Também dizemos "o cargo de professor, de juiz, de médico", mas a professora, a juíza, a médica, etc.
Sim… dizer "a ministro fulana" é mesmo uma anedota de linguagem - e daquelas que fazem rir.
Sempre que não nos desagradar, só fazemos bem em seguir esta tendência da língua. E se quem nos ouve se rir, mostra ignorância. E a nossa obrigação é elucidá-la delicadamente. Tal procedimento merece gratidão.
Com a entrada da mulher nas profissões que há dezenas de anos eram desempenhadas apenas por homens, os franceses vêem-se atrapalhados para fornecerem o feminino das profissões.
Tal particularidade não existe na Língua Portuguesa - felizmente. Trabalhemos por que tal não aconteça.