As formas “tchau” e “xau” têm por origem o dialeto veneziano.
Como no Brasil existe uma grande colónia italiana e porque a palavra ciao é francamente sonora, passou a ser corrente entre muitos brasileiros.
Como, infelizmente, não é possível apresentarmos a transcrição fonética adequada, tentaremos transmitir o que nos parece mais conveniente.
A pronúncia italiana é aproximadamente [txá-ò] e escreve-se “ciao”. É a redução da seguinte frase: “Io sono suo schiavo” [íò sónò súò skiávò] que significa «eu sou seu escravo». A tradução na língua portuguesa será: «Eu estou às suas ordens» ou «Eu estou servilmente às suas ordens».
Muitas palavras portuguesas de origem latina evoluíram como o verbo que se segue: clamare > [txamar] > chamar.
O som [tx] ainda persiste nalgumas regiões, nomeadamente em Chaves.
Como muitos portugueses não dizem [txα’mar] nem [‘txubα] para chamar e para chuva, então preferem [xáu]. Os que usam [txα’mar] e [‘txubα] dirão naturalmente [txáu]. Os que procuram aproximar-se da pronúncia italiana transmitida por estrelas das telenovelas brasileiras dirão também [txáu].
Não obstante a sonoridade de ciao, parece-nos que possuímos muitas outras formas de despedida, sem declararmos o nosso servilismo.
N. E. (261/2017) – Resposta revista. Note-se que, em Portugal,o aportuguesamento de ciao como chau tem registo dicionarístico há já alguns anos, como é o caso da 1.ª edição do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, publicada em 2001. No Brasil, a forma utilizada é tchau, que tem entrada na 1.ª edição do Dicionário Houaiss. Já a grafia "xau", que não se recomenda, não se encontra nem nestes ou nem noutros dicionários. É ainda de referir que chau figura igualmente no Dicionário de Expressões Populares (Lisboa, Edições D. Quixote, 1993), de Guilherme Augusto Simões, sendo-lhe atribuídas duas aceções: «adeus de despedida» e, usado como interjeição, «recomendação de segredo ou silêncio». Esta última aceção pode corresponder não a um significado da mesma palavra, mas, sim, a um homónimo do aportuguesamento em apreço; com efeito, Augusto Simões remete este segundo significado de chau para o Novo Diccionario da Lingua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, que o identifica como um uso do falar de Turquel, no distrito de Leiria (consultar 2.ª edição deste dicionário, de 1913, aqui).