Eis algumas frases correntes em Portugal, nas quais se recorre à conjugação pronominal:
(i) «O meu filho esteve a brincar com a areia. Vou lavá-lo bem!»
Neste caso, o pronome -lo é complemento/objecto directo.
(ii) «A minha filha esteve a pintar um desenho. Vou lavar-lhe as mãos.»
As mãos funcionam como complemento/objecto) directo, e lhe é o complemento/objecto indirecto.
(iii) «O meu marido nunca veste bem. Vou vesti-lo a meu gosto.»
O pronome -lo tem a função de complemento/objecto directo.
Em «Como está frio, e o meu filho está adoentado, vou vestir-lhe um casaco quentinho», o complemento/objecto directo é «um casaco quentinho», e o pronome lhe funciona como complemento/objecto indirecto.
Outro exemplo. Os verbos agradar e desagradar são transitivos indirectos. Por isso, será normal ouvirmos: «Aquela casa desagrada-lhe, mas esta agrada-lhe.» Pontualmente, algum falante poderá usar um destes verbos como transitivo directo. Exemplo: «Este filme está a desagradar-me e a desagradá-lo.»
Na língua portuguesa, os pronomes pessoais complementos directos e indirectos não se distinguem na primeira e na segunda pessoas do singular. Exemplo: «Ela magoou-te» [te – comp. obj. directo] e «Ele deu-te [te - comp. obj. indirecto] uma prenda». Este fenómeno deu lugar a que o pronome lhe também se use indistintamente no Brasil. No entanto, há brasileiros que fazem questão de distinguir os pronomes complementos directos (o, a, os, as ,lo, la, los, las) do pronome objecto indirecto lhe.