DÚVIDAS

Uso dos pronomes ti e tu com a preposição para: «para ti»

«Para tu [ou ti?], que és notívago, vale conferir a chuva de meteoros que vai acontecer às três da madrugada.»

A interposição de oração subordinada adjetiva explicativa deixou-me com alguma dúvida quanto ao uso do pronome pessoal, reto ou oblíquo. Por favor, elucidem a questão.

Grato.

Resposta

Como a frase que nos apresenta é iniciada pela preposição para, pode induzir-nos ao erro de se considerar que introduz uma oração final, o que implica o verbo no infinito fexionado ou não flexionado. Se se tratasse desse caso, então, o pronome pessoal seria o sujeito da frase, logo, um pronome recto — tu. Tratar-se-ia, então, de uma frase como a seguinte:

«Para tu, que és noctívago, conferires a chuva de meteoritos que vai acontecer no início da madrugada, vale a pena…»

Mas não é este o caso dessa frase, pois estamos em presença de um sintagma preposicional, e não de uma oração final.

Ora, são as formas oblíquas tónicas dos pronomes pessoais que, acompanhadas de preposição, formam este tipo de sintagma preposicional.

Assim, este SP, para ti,  é constituído pela preposição para e pelo SN (sintagma nominal) representado pelo pronome oblíquo ti:

«Para ti, que és noctívago, vale conferir a chuva de meteoritos…»

Vejamos os seguintes exemplos das duas estruturas, apresentados por Cunha e Cintra:

«Isto é para tu fazeres.»
«Isto é para ti.»
«Ele mandou um livro para mim.»
«Para eu ler este livro, ele mandou-mo.» 

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