De facto, o vocábulo romance é polissémico, podendo designar tanto uma como várias «línguas derivadas do latim», uma «narração histórica em versos simples», uma «narração em prosa, de aventuras imaginárias, ou reproduzidas da realidade, combinadas de modo a interessarem o leitor», e até mesmo «novela, conto» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Assim, parece que se adapta a muitas composições literárias, da poesia (os também chamados rimances) à prosa, estando subjacente, em qualquer dos casos, o cunho narrativo dessas composições. No entanto, e para sermos o mais precisos possível na tradução do inglês romance, devemos ter em conta, como explica Aguiar e Silva na sua Teoria da Literatura, o seguinte: «Os escritores de língua inglesa esforçaram-se por distinguir, desde os finais do século XVII, entre romance e novel, contrapondo o carácter fabuloso e inverosímil da primeira destas formas literárias ao realismo da segunda» (8.ª edição. Coimbra: Almedina, 1988, p. 680 — e recomendo a leitura do resto desse parágrafo, que explicita melhor a diferença, por meio de citações elucidativas).
Assim, penso que se poderá traduzir romance por romance (da mesma forma que podemos falar, por exemplo, dos romances de cavalaria), embora a tradução dependa, em boa parte, da data em que o texto original foi escrito e principalmente do contexto (inclusive frásico) em que o vocábulo é utilizado. Repare-se que, no texto em questão, e mesmo em relação a Balzac e a Zola, pode estar a falar-se de romance, não no sentido de género literário, mas com o significado de «envolvimento amoroso» (acepção que, curiosamente, não está contemplada no dicionário supracitado, pelo menos até à data de hoje).