Com existir, «livros» é sujeito, mas com haver a expressão é complemento directo (daí não haver concordância do verbo) e o sujeito é nulo expletivo. Este tipo de sujeito, que, normalmente, não tem realização lexical na frase, ocorre com verbos impessoais como chover, anoitecer ou haver (na acepção de «existir»), sempre usados na terceira pessoa do singular. Em registos familiares ou de carácter mais regional, surge o pronome ele a preencher o lugar de sujeito: «ele há cada uma!»; «ele choveu toda a noite». Os critérios para a identificação dos verbos que se constroem com complemento directo não são apenas semânticos, isto é, não têm apenas que ver com o sentido mais abstracto do verbo. Há muitos verbos que não significam em termos genéricos «agir», mas que pedem complemento directo. Por exemplo, o verbo ter marca uma relação entre duas entidades, o possuidor e a realidade (coisa, pessoa, animal) possuída, pelo que lhe falta o traço dinâmico associado à noção de «agir». No entanto, um complemento directo é necessário para completar o sentido de tal verbo: «O João tem um cão.»