O mais próximo que descubro de «frase fonética» é o conceito de «fonética de frase», tal como foi formulado pelo linguista brasileiro Mattoso Câmara, apoiado numa perspectiva estruturalista. Um estudo refere-se assim a esse domínio de análise:
«Também a assim chamada Fonética Sintática ou da Frase, outro tipo de pesquisa mencionado por Mattoso nesse contexto, estuda as mudanças condicionadas pelo papel ou pela posição das palavras dentro de um enunciado maior (a frase), tais como os fenômenos da acentuação e do sandhi. O termo sandhi significa juntura, ou seja, as pausas vistas como demarcadoras de grupos fônicos, sintagmas, vocábulos, frases e é usado na Morfologia e na Sintaxe para indicar modificações fonológicas de formas gramaticais que ficaram justapostas (Câmara Jr., 1954). O objetivo, de acordo com Mattoso (1939 LLG II:183), é
Estudar os casos em que os fonemas, iniciais e finais de um vocábulo formal, sofrem modificações inesperadas, porque o vocábulo, em muitas ocorrências da prática, se apresenta integrado num vocábulo fonético maior; cf. nem na expressão nem ela, onde temos foneticamente ne-nhe-la.»
O termo frase fonética designa, pois, uma entidade de maior extensão que a palavra e na qual existem fenómenos específicos como o da ligação entre palavras e o das variantes posicionais (ver também Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, s. v. fonética, artigo da autoria de Brian F. Head).