Difícil questão. O soneto de factura clássica solicita, de facto, uma quadripartição, sendo o terceto final essa conclusão (ou chave) de ouro que resume uma história anteriormente desenvolvida. Nos mais conhecidos, Bocage parte da verificação do sujeito num presente que é limite de antigas andanças: em «Já Bocage não sou» ou «Camões, grande Camões», percebe-se esse instante de exame de consciência, olhando para um passado que pudera ter sido diferente, para melhor. Esse confronto entre passado e presente pode associar-se na mesma estância, com finais cuja síntese pode ser desconcertante ou derradeiro sobressalto de alma, que ainda se anima. Se se vir este processo, que é uma história de sujeito, em 14 versos, talvez se conte minimamente a história que o soneto bocagiano igualmente é.