Salvaguardadas raras excepções, sempre que um dado complemento carece de preposição, ela deve manter-se em todas as situações, mesmo que o complemento surja deslocado da sua posição habitual ou seja repetido anaforicamente, como é o caso dos exemplos que apresenta.
Assim, embora, numa comunicação informal, todas as frases possam ocorrer, as correctas, do ponto de vista formal, são as que repetem a preposição, ou seja: (2); (4); (6) e (8). A frase (8), deste lado do Atlântico, dir-se-ia: (8) «Somente aos dois perdoaram: ao Francisco e à Lídia», uma vez que no Brasil se usa o artigo com nomes próprios com mais parcimónia do que em Portugal.
Gostaria fazer referência ao termo, ou conceito, que utilizou e que poderá causar algum “ruído”: aposto. O aposto, tal como é definido nas gramáticas e nos dicionários especializados que consultei, relaciona-se com o sintagma nominal, tendo como função acrescentar informação acerca de um nome. Vejamos alguns exemplos típicos de aposto:
(1) O jovem atleta ganhou um prémio.
(2) O João, com quem me encontrei ontem, vai de férias.
(3) Amanhã, sábado, vou à praia.
(4) O filme que fui ver ontem é muito interessante.
De uma forma sucinta, e como já referi, o aposto acrescenta informação relacionada com um nome. Ora, não é bem isso o que acontece nos exemplos que apresenta. Aí, temos um nome, ou sintagma nominal, que é repetido através de um pronome anafórico: isso, em (1) e (2); isto, de (3) a (6). Do ponto de vista do aposto, as frases mais interessantes são (7) e (8). Nestas duas frases, pode considerar-se que existe um aposto, sobretudo se se assumir que, junto ao numeral dois, se elidiu um nome e que a frase poderia ser do tipo: «Perdoaram somente a dois participantes: ao Francisco e à Lídia.» Nesta frase, a expressão «ao Francisco e à Lídia» seria aposto de «participantes».