Antes de mais, prezada consulente, advérbios e preposições não são subclasses mas, sim, classes morfológicas da língua portuguesa.
Relativamente à sua questão, uma consulta por dicionários e gramáticas permite-nos situar a palavra excepto como adjectivo, proveniente do particípio passado inovador, ou irregular, do verbo exceptuar. Podemos ver, também, que o vocábulo se fixou como preposição, sendo este o seu uso mais habitual. Para além destas duas classes, os dicionários Houaiss e Aurélio XXI dizem que pode, em linguagem jurídica, ser um substantivo.
Na tradição gramatical e na dicionarística da língua portuguesa, o vocábulo excepto não parece ser considerado um advérbio. Paradoxalmente, não é, do mesmo modo, considerado uma preposição típica e o seu uso como adjectivo também é registado como esporádico. Napoleão Mendes de Almeida, na sua Gramática Metódica da Língua Portuguesa, inclui-o num grupo de preposições que intitula de acidentais, ou seja, produto da transformação de palavras inicialmente pertencentes a outras classes morfológicas.
Ao que parece, estamos perante uma palavra que se mantém num limbo à espera de ser trabalhada e reclassificada. É nessa direcção que vai a interpretação de Ana Costa e João Costa, no livro O Que é Um Advérbio?, Edições Colibri. Sem aprofundarem a análise específica deste vocábulo, incluem-no nos advérbios de exclusão e dão como exemplo frases em tudo semelhantes às que ilustram, nas gramáticas e dicionários, o uso da palavra enquanto preposição.
Exemplificando, no Houaiss encontramos o exemplo:
Prep. «Todos se foram embora, excepto o dono da casa.»
Ana Costa e João Costa exemplificam:
Advérbio de exclusão: «Todos deram um livro à Ana, excepto o Pedro.»
Não há, pois, prezada consulente, uma receita que possa resolver-lhe o problema da classificação da palavra excepto. A classificação que fizer não depende da utilização da palavra na frase. Depende, antes, da atitude que tomar. Se privilegiar a tradição, considerará tratar-se de uma preposição. Se vir algum valor na evolução e a considerar pertinente, então considerará tratar-se de um advérbio de exclusão.
Desejo-lhe as melhores felicidades e estou certa de que tomará a melhor decisão se, como imagino, fizer a classificação desta palavra a pensar nos seus alunos.