De facto, a grande maioria dos dicionários apresenta, para espectro, os sentidos que focou, destacando-se o da ideia de «suposta aparição de um defunto, incorpórea, mas com a sua aparência; fantasma; assombração» e, também, o do «resultado da dispersão» associado à física – «gráfico, registo fotográfico ou visual de uma distribuição de quantidades observáveis ou propriedades dispostas segundo a sua magnitude» – e ao sistema solar (espectro estrelar ou solar).
Mas tanto o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Lisboa, Círculo de Leitores, 2007) como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (2001), e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (2004), nos fornecem outros sentidos: «evocação obsedante (o espectro do passado)»; «o que apavora, aterroriza ou constitui ameaça (o espectro da guerra, da fome)»; «coisa vazia, falsa, ilusão (o espectro da glória)»; «pessoa muito magra, de cor macilenta (o trabalho excessivo fizera dele um espectro)» e também, por extensão do termo científico do domínio da física, da medicina («gama mais ou menos extensa de germes ou infecções comuns sobre a qual actua um antibiótico») ou da matemática («conjunto de valores próprios de uma matriz»), o do valor que propôs e sobre o qual colocou a sua dúvida, ou seja, o de «conjunto de», «leque de», enfim, «a expressão funcional de uma distribuição».